Futebol feminino – Uma história sobre garra e quebra de tabus

👉👩Quem vê a nossa seleção feminina dando show nos campos ao redor do mundo mal faz ideia de que a história das mulheres nesse esporte já tem mais de 100 anos.
👉Ele vem ganhando cada vez mais destaque no mundo, mas ainda sofre os duros impactos da falta de investimentos e do preconceito para se consolidar como um dos esportes mais amados pelo público.


As mulheres praticantes do futebol precisam driblar bem mais que as adversárias em campo para mostrarem seu talento, valor e habilidades.


Conheça um pouco mais sobre o futebol feminino brasileiro, uma modalidade que já foi até proibida por lei no nosso país.


Quando o futebol feminino começou no Brasil?

Os primeiros registros da prática de futebol entre as mulheres datam dos anos 20, período em que eram timidamente noticiados nos jornais de São Paulo, Rio de Janeiro e Rio Grande do Norte.

E tem uma curiosidade que diz muito sobre a forma como a sociedade trata a prática desse esporte entre as mulheres: umas das primeiras referências ao termo “futebol feminino” vem dos picadeiros, já que ele era apresentado no circo como um show e não como esporte.


Anos 40: o período em que o futebol transitou entre coisa de periferia e prática proibida

No final do século XIX, quando as mulheres brasileiras começaram a jogar futebol, os homens já haviam caído nas graças das elites, como seres capazes de praticar um esporte visto como violento. Para eles, era sinal de força e virilidade.


Por isso, quando as mulheres começaram a praticar o futebol com mais determinação nos anos 40, não demorou para que fossem julgadas e vistas com maus olhos, principalmente por que a maioria das jogadoras eram das classes sociais mais baixas, o que era sinônimo de grosseria e de uma forma inadequada de agir.


Durante o Estado Novo, em 1941, o Governo Getúlio Vargas criou o Decreto 3199 que trazia, em seu artigo 54, o seguinte trecho: “às mulheres, não se permitirá a prática de desportos incompatíveis com as condições de sua natureza”. E adivinha só qual esporte era considerado incompatível com a natureza feminina?


1965: mais de 20 anos se passaram, mas a proibição ainda ganhou novos requintes

Com já é sabido que a vida das mulheres não é fácil, em 1965, no auge da ditadura militar, um novo decreto imprimia mais detalhes à proibição: “não é permitida a prática feminina de lutas de qualquer natureza, futebol, futebol de salão, futebol de praia, polo, halterofilismo e beisebol”. Mais claro, impossível, né?


Há pouco mais de 40 anos, uma mulher que ousasse jogar futebol estaria infringindo a lei

As proibições só foram revogadas em 1979, o que gerou o atraso no desenvolvimento do esporte que impacta o futebol feminino até hoje. Isso porque o fim da proibição não foi um passe de mágica capaz de construir um novo cenário. 


Sem incentivos de clubes, o esporte continuou como sinônimo de lutas no país, sendo regulamentado somente em 1983, ano em que algumas de nossas leitoras talvez ainda nem tivessem nascido.


Com permissão para competir, utilizar estádios para jogar ou até mesmo ensinar a prática de futebol nas escolas, as mulheres estavam apenas começando uma luta que continua árdua nos dias de hoje.


Nos primeiros jogos importantes, os uniformes das equipes femininas eram os que sobravam dos homens

A Fifa realizou um mundial experimental na China, em 1988, com a participação das mulheres do futebol. Mas engana-se quem pensa que a apresentação foi glamourosa e com boa visibilidade.


As jogadoras não tiveram direito à confecção de roupas especiais e o que lhes restou foi participar do mundial com o que sobrava das roupas dos homens. Com 12 seleções participantes, o Brasil levou o bronze nos pênaltis. 


Foto da seleção brasileira feminina de 1988, Historia do Futebol Feminino

Fonte:Dibradoras

O que mudou nos últimos 30 anos?

Em 1991, pela primeira vez, a CBF assumiu o time das mulheres e aconteceu a primeira Copa do Mundo Fifa de Futebol Feminino. Mas com menos de um ano de preparação e ainda sendo tratado como amador, o time brasileito foi eliminado na primeira fase.


No ano de 1996 o futebol feminino estreou nas Olimpíadas de Atlanta, com uma seleção composta por muitas veteranas, e terminou pertinho do pódio, com a quarta colocação. 


A primeira medalha de Copa do Mundo para as jogadoras veio apenas em 1999, marcando o começo de uma geração de grandes nomes. Até hoje se tem a lembrança de um dos gols mais bonitos da competição: aquele que marcou a vitória sobre a Nigéria nas quartas de final.


Se você acompanha um pouco dessa modalidade do esporte, deve ter passado toda a leitura pensando em um nome muito importante para a nossa seleção. Marta, agora com status de melhor jogadora do mundo, era uma jovem brilhante chamando atenção entre as mais experientes, na Copa de 2003.


A primeira medalha em Olimpíadas veio em 2004, com um time formado por Marta, Formiga, Pretinha e Cristiane, entre outras talentosíssimas jogadoras. Mas foi só em 2006 que conseguimos chamar atenção de verdade, com o primeiro troféu de Marta como a melhor do mundo.


Uma goleada de 5 a 0 marcou os Jogos Panamericanos de 2007, no Rio de Janeiro, com o Maracanã lotado para ver a Rainha Marta, que nesse ano conquistaria pela segunda vez o título de melhor do mundo, e todo o time, em uma performance brilhante. 


O futebol feminino já alcançou o reconhecimento que merece?

Infelizmente, não! Mesmo com medalha de prata nas Olimpíadas de Pequim, 6 prêmios de melhor do mundo para Marta, a criação de uma seleção permanente em 2014, a conquista de um título no Pan de 2015, a primeira transmissão dos jogos da seleção feminina pela TV Globo em 2019, e tantas demonstrações de profissionalismo e capacidade técnica, as mulheres do futebol ainda seguem lutando pelo reconhecimento que merecem.


                       👀PESQUISA: SARAH ALICE SALES DE MORAES

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