Álbum da Copa: uma tradição que vale bilhões para a Panini

 

                                                *(Agosto 2022)       


Quem tem entre 40 e 50 anos de idade que nunca colecionou figurinhas da copa?

A Copa do Mundo da FIFA não seria a mesma sem a emoção de colecionar a lembrança mais tradicional do torneio desde 1970: o álbum da Copa Panini. Aqui, revelamos como a companhia conseguiu monetizar uma experiência única para os amantes do futebol e se tornar líder mundial no segmento de cards e figurinhas colecionáveis. O esporte une as pessoas sem considerar a sua origem, etnia, situação econômica ou crença religiosa. Mais que isso, eventos esportivos internacionais oferecem oportunidades notáveis ​​para empresas que desejam se conectar com um público mais amplo em todo o mundo. 

 👀Este ano, conforme relatório divulgado pela FIFA, espera-se que a Copa do Mundo do Qatar conquiste um novo marco de arrecadação para a entidade: US$ 6,4 bilhões. Nesse sentido, eventos como esse, oferecem a empresas de todos os portes uma oportunidade única de atrair uma base de clientes leais em potencial com novos produtos, habilidades e experiências aprimoradas. Espera-se que muitas outras indústrias relacionadas floresçam devido aos jogos no Qatar. 

Alguns dos negócios mais lucrativos nesse momento incluem agências de viagens, hotéis, restaurantes e, é claro, o tradicional álbum de figurinhas da Panini. 

De fato, dentre tantas oportunidades de negócios existentes, o álbum da copa, que acaba de chegar às bancas (e às telas, já que também conta com uma versão digital), demonstra o quanto uma tradição bem enraizada pode produzir bilhões de faturamento para uma única companhia.

Na Copa de 2018, por exemplo, o faturamento do Grupo Panini foi de, aproximadamente, 1,14 bilhão de euros, segundo Antonio Allegra, diretor de mercado da companhia. Agora, estima-se que a empresa seja capaz de dobrar essa receita, mesmo em um cenário de recuperação econômica. Afinal, por que a simples ideia de colecionar e trocar figurinhas é um sucesso?
 👉O Começo: A história da Panini tem como ponto de partida a cidade de Modena, na Itália, onde em 1945 os irmãos Giuseppe e Benito assumiram a banca de jornais da família. Vale ressaltar que, curiosamente, até hoje existe um quiosque de periódicos no local. 

Anos mais tarde, em 1954, com a experiência adquirida nesse estabelecimento, decidiram fundar a Agência de Distribuição de Jornais Fratelli Panini. Mas foi em 1960 que tudo mudou. Os irmãos Giuseppe e Benito estavam trabalhando no escritório de distribuição quando, acidentalmente, encontraram uma coleção de figurinhas (adesivos colados com cola) que uma editora de Milão não havia conseguido vender. 

Imediatamente, decidiram comprar os itens descartados e comercializá-los em pacotes de dois por dez liras cada. O resultado surpreendeu e eles conseguiram vender cerca de três milhões de pacotes. 

Assim, tendo tido sucesso com essas figurinhas e já acumulado bastante conhecimento nesse mercado, Giuseppe cria, oficialmente, a Panini em 1961, com o objetivo de fabricar e vender seus próprios álbuns e figuras colecionáveis. Benito também ingressa na companhia e, juntos, os irmãos conseguiram vender, nesse mesmo ano, 15 milhões de pacotinhos. No ano seguinte, o faturamento da companhia foi ainda melhor:  29 milhões de unidades vendidas. Dois anos depois, em 1963, a empresa se expandiu através da mentalidade de growth hacking da família e com a entrada de outros dois irmãos: Umberto e Franco Panini. O empreendedorismo estava no sangue e logo deu-se início a uma tradição familiar histórica e inovadora.

Sem dúvidas, a década de 1960 foi marcante para a companhia: tornou-se referência no cenário esportivo e se popularizou entre as crianças, chegando até mesmo a patrocinar a equipe Modena Volley nos anos de 1968 a 1989. Nessa época, os adesivos raros já começavam a atingir valores elevados no mercado paralelo de colecionadores. 

“No século dos esportes de imagem e de massa, não se tratava de ‘se’, mas de ‘quando’ alguém combinaria o poder do futebol com o poder das imagens, iniciando um negócio próspero e uma história de amor global, impulsionada pela paixão de crianças de todas as idades”. 

Brasil: Foi através de uma sociedade com a Editora Abril, em 1989, que a Panini expandiu a sua atuação para o mercado brasileiro, aproveitando a Copa do Mundo de 1990, sediado na Itália, para lançar oficialmente o seu primeiro álbum no nosso país.

Já na sequência, foi publicado o álbum do Campeonato Brasileiro de 1990, mas o que parecia ser uma parceria duradoura, acabou se encerrando em pouco tempo. Em 1994, a Marvel, de olho no potencial milionário do mercado de colecionáveis ​​compra o Grupo Panini e, em 1995, a Panini adquiriu as ações da Abril para atuar de maneira exclusiva na América Latina.
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