Craques para sempre: Telê Santana, o fio de esperança

 

        *Ex atleta do Fluminense, Telê foi o técnico mais vencedor com o Tricolor paulista e merece todas as homenagens possíveis - essa é uma delas!


Telê Santana da Silva (Itabirito, 26 de julho de 1931 — Belo Horizonte, 21 de abril de 2006) foi um dos mais importantes treinadores e jogadores da história do futebol brasileiro.
Em 2019, figurou na 35ª posição da lista de 50 maiores treinadores de futebol de todos os tempos, publicada pela revista francesa France Football, sendo o único brasileiro. Em pesquisa realizada pela revista esportiva Placar, nos idos da década de 1990, foi eleito por jornalistas, jogadores e ex-atletas o maior treinador da história da Seleção Brasileira, mesmo perdendo duas edições da Copa do Mundo e amargando por muito tempo a fama de "pé-frio". A partir de 1990 até o início de 1996, comandou o São Paulo, conquistando duas vezes a Taça Libertadores da América e a Copa Intercontinental. 

É considerado o maior treinador são-paulino em todos os tempos e um dos ídolos do clube, sendo apelidado pela torcida com a alcunha de "Mestre Telê". Como jogador, é ícone do Fluminense pela intensa dedicação que ofereceu ao seu clube do coração — que valeu-lhe o apelido "Fio de Esperança" —, onde também começou a sua carreira de treinador. Até hoje, é o técnico que mais dirigiu o Atlético Mineiro em jogos oficiais, com 434 jogos.

Pelo Fluminense iniciou sua carreira sendo campeão de juvenis em 1949 e 1950 e promovido para os profissionais em 1951. A partir daí despontou seu melhor futebol e conseguiu suas maiores conquistas como atleta. Foi um dos primeiros pontas no futebol brasileiro a voltar para marcar no meio. 

 A sua contratação pelo Fluminense se deu após fazer um teste contra o Bonsucesso e fazer cinco gols, referendada então pelo Diretor de Futebol do Fluminense daquela época, nada menos que outro ícone histórico deste clube, primeiro capitão e em 1930 o autor do primeiro gol da Seleção Brasileira em uma Copa do Mundo, João Coelho Netto, o Preguinho. 

 Com a camisa do Fluminense, jogou 557 partidas e marcou 165 gols, sendo o terceiro jogador que mais atuou pelo clube tricolor e seu quinto maior artilheiro. Enquanto jogador, tinha 1,76 metro e pesava 61 kg. Conquistou como jogador os seguintes títulos, entre os mais importantes: Campeonato Carioca de 1951 e 1959; Torneio Rio-São Paulo de 1957 e 1960; e a Copa Rio de 1952. 

O Fio de Esperança 

Quando Telê era jogador, tinha o apelido de "Fio de Esperança", que recebeu após um concurso entre os torcedores promovido pelo jornalista Mário Filho, então diretor do Jornal dos Sports. O concurso tinha surgido como ideia do dirigente tricolor Benício Ferreira. Na época, Telê tinha os apelidos pejorativos de "Fiapo" e "Tarzan das Laranjeiras", em função de seu corpo franzino. O dirigente achava que o jogador merecia algo mais honroso e deu a ideia ao amigo Mário Filho, que criou o concurso com o tema "Dê um slogan para Telê Santana e ganhe 5 mil cruzeiros". 

 Ao seu final, mais de quatro mil sugestões tinham sido enviadas à redação do jornal. José Trajano conta que seu pai participou do concurso propondo o apelido "A Bola".[carece de fontes] Três leitores acabaram empatados no primeiro lugar na votação final, com as alcunhas "El Todas", "Big Ben" e "Fio de Esperança".

 Foi a última que caiu no gosto dos torcedores tricolores. Telê se transferiu do Fluminense para o Guarani por causa do fato de o presidente histórico do Bugre, o carioca Jaime Silva, ser torcedor do clube carioca e ter influenciado os dirigentes cariocas a permitir a sua transferência para Campinas. 

 
Telê deu mais uma demonstração de amor ao Fluminense, quando já no final de sua carreira como jogador, atuando pelo Madureira, marcou o único gol de sua equipe na derrota por 5 a 1 para o Flu. Ao encobrir o goleiro Castilho, Telê foi aplaudido até pela torcida adversária. Embora aquele gol não tenha influenciado no resultado, Telê chorou ao final da partida por ter feito um gol em seu clube do coração.

 Após encerrar a carreira como jogador, foi aproveitado como técnico e acabou marcando uma época de glórias e estigmas. Começou na categoria de juvenis (atual juniores) do Fluminense, sendo campeão carioca em 1968. Em 1969, foi promovido a treinador do time profissional, sendo campeão carioca nesse mesmo ano e formando a base do time campeão do Brasileiro de 1970 e campeão carioca de 1971. No Fluminense, Telê também brigou pelos direitos de seus jogadores, que eram obrigados a entrar e sair do clube pela porta dos fundos. 

Depois de uma reunião à noite com dirigentes, pediu que abrissem a porta dos fundos para ele. Responderam que ele não era jogador e podia sair pela entrada social, mas Telê recusou-se e pulou o muro, porque não achou ninguém para abrir a porta dos fundos. "Eu disse que também fui jogador e que o aviso servia para mim também", contou, anos mais tarde. O mesmo time do Fluminense disputou a final contra o Atlético-MG, na época dirigido por Telê, que seria campeão mineiro em 1970 e campeão brasileiro no ano seguinte. 

 Entre janeiro e julho de 1973, treinou pela primeira vez o São Paulo, mas foi afastado ao entrar em conflito com os ídolos Paraná e Toninho Guerreiro. Retornou ao Atlético Mineiro em agosto, substituindo Paulo Benigno. Permaneceu no clube até setembro de 1975, sendo substituído pelo inexperiente Mussula. 

 No primeiro semestre de 1976 assumiu o comando técnico do Botafogo, sem obter os resultados esperados. Em 9 de setembro de 1976, substituiu Paulo Lumumba no Grêmio,levando-o a recuperar a hegemonia do Campeonato Gaúcho após oito anos de domínio do Internacional. 

No Grêmio, permaneceu até o fim de 1978. Em 1979, foi contratado pelo Palmeiras, substituindo Filpo Núñez. Treinou a equipe até fevereiro do ano seguinte, quando foi convidado a comandar a seleção brasileira.

                                         *Revista Placar 
                                         
                                          *Pesquisa: Magno Moreira