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Fla Flu, simplificação de Flamengo versus Fluminense, é o nome utilizado no Brasil para a disputa, principalmente no futebol, entre os times cariocas do Clube de Regatas do Flamengo e do Fluminense Football Club. Este evento é considerado um dos maiores clássicos do futebol, sendo imortalizado pelo jornalista Mário Filho (torcedor do Flamengo), que deu a ele também o nome de "Clássico das Multidões", e por seu irmão o jornalista e escritor Nelson Rodrigues (torcedor do Fluminense), que é autor de diversas frases sobre o clássico como “O Fla-Flu não tem começo. O Fla-Flu não tem fim". "O Fla-Flu começou quarenta minutos antes do nada". "E aí então as multidões despertaram”.O primeiro Fla-Flu, em 7 de julho de 1912, já deu uma noção do que seria a história deste clássico, pois mesmo tendo o Fluminense perdido nove titulares que foram abrir o departamento de futebol de seu rival, ganhou por 3 a 2 (primeiro gol da história do Fla-Flu, de Edward Calvert, do Flu, a um minuto de jogo), marcando-o desde o início, como clássico de grandes imprevisibilidades, de futebol alegre e ofensivo, festa de cores das grandes torcidas, um carnaval fora de época. Em entrevista ao jornal esportivo Lance! em 14 de setembro de 2014, o neto de Alberto Borgerth, pivô da cisão que levou nove ex-jogadores do Fluminense a deixarem o clube e fundarem o Departamento de Futebol do Flamengo, Luiz Brandão, declarou que o avô lhe confessara que "seu coração era Fla-Flu". Em 22 de outubro de 1916, o Flamengo vencia o Fluminense por 2 a 1 quando o árbitro R. Davies marcou um pênalti contra o Fluminense. Rienner perdeu. Logo depois, marcou outro pênalti contra o Fluminense, Sidney cobrou e Marcos de Mendonça defendeu. O árbitro mandou cobrar outra vez alegando que não havia apitado. Sidney bateu e novamente Marcos de Mendonça defendeu. R. Davies mandou cobrar de novo, agora alegando que jogadores do Flu haviam invadido a área. Foi aí que o escritor Coelho Neto e o delegado Ataliba Correia Dutra pularam a grade e correram para o campo. Os torcedores também invadiram o gramado.[22] O regulamento dizia que o jogo que fosse paralisado por cinco minutos seria suspenso definitivamente. Como a paralisação propositada foi além dos sete minutos, o jogo foi anulado. Foi a primeira anulação de um jogo de Campeonato Carioca. Em 8 de dezembro, no campo do Botafogo, foi realizada uma nova partida e o Flu ganhou por 3 a 1. O Tricolor se sagraria tricampeão carioca em 1917–18–19, seguido por um bicampeonato do Rubro-Negro, em 1920–21. Após isso, o O Fluminense seria campeão em 1924, mesmo sem vencer nenhum Fla-Flu, empate por 1 a 1 e vitória flamenguista por 4 a 2. O Tricolor somou 25 pontos, três a mais do que o Fla, mas o Flamengo daria o troco no ano seguinte, vencendo o Carioca de 1925, com 31 pontos contra 30 do Flu. Coincidentemente, seria o Rubro-Negro, desta vez, que não venceria clássicos sobre o Fluminense, com vitória tricolor por 3 a 1 e empate por 1 a 1. O clássico carrega essa fama desde os tempos românticos do futebol carioca e de um modo geral do futebol brasileiro, sendo posteriormente eternizado pelo grande escritor, dramaturgo e poeta brasileiro Nelson Rodrigues, que entre o muito que escreveu sobre o Fla-Flu, afirmou sobre a sua criação: O Fla-Flu surgiu quarenta minutos antes do nada. Em 1925, a Seleção Carioca precisou ser convocada às pressas para disputar o Campeonato Brasileiro de Seleções Estaduais, e pela dificuldade de reunir os jogadores optou-se por convocar apenas jogadores de Flamengo e Fluminense, o que inicialmente causou repúdio popular, com os amantes do futebol referindo-se à aquele time não como Seleção Carioca, mas como "Combinado Fla-Flu". Esta Seleção Carioca acabou campeã, o que mudou o sentimento popular em relação a ela. O jornalista Mário Filho teve então, a capacidade de transformar um nome criado com uma imagem negativa, em nome próprio e marca registrada deste grande clássico conhecida mundialmente. O nome próprio, Fla-Flu, foi então dado para o clássico entre Flamengo e Fluminense por Mário Filho em 1933, quando procurava recursos para motivar o comparecimento das torcidas ao campeonato da recém-criada Liga de Futebol. Segundo narrativa de Mário Filho, o primeiro mosaico do futebol brasileiro pode ter acontecido no Estádio de Laranjeiras em um Fla-Flu na década de 1930, quando a torcida do Fluminense, querendo fazer festa superior a da torcida do Flamengo, distribuiu adereços na área dos sócios do Tricolor, cada qual encontrando em sua cadeira, um saquinho de confete, um pacote de serpentina, um balão de borracha, vazio, verde, branco ou vermelho. Tudo bem organizado, a bancada social dividida, balões vermelhos à direita, balões brancos no centro, balões verdes à esquerda - conta o trecho do livro "O negro no futebol brasileiro". Assim, foi desenhado o mosaico: balões nas cores verde, branco e grená. O sócio do Fluminense enchia o seu balão, pegava o seu saco de confete, o seu pacote de serpentina, ficava esperando os sinais. Um sinal para jogar confete, outro para jogar serpentina, outro para levantar o balão à altura da cabeça. Muito bonito: aparecia uma bandeira imensa do Fluminense de balões de borracha - conta o autor. Nestes anos iniciais do profissionalismo do futebol e até meados da década de 1940, o Fla-Flu adquiriu grande parte da mística que tem hoje, frutos de dois clubes com grandes craques em seus elencos e muitos títulos conquistados nos gramados, em jogos carregados de importância e apelo popular, que se estenderiam depois pela Era Maracanã. Neste período glorioso a dupla Fla-Flu terminou o Torneio Rio-São Paulo de 1940 disparada na liderança, com o torneio tendo sido interrompido por abandono dos clubes paulistas sem que a CBD os declarasse campeões posteriormente. O Fla-Flu da Lagoa, como ficou conhecida a lendária decisão do Campeonato Carioca de 1941, na qual os jogadores do Fluminense ao final da partida eletrizante chutavam as bolas para a Lagoa Rodrigo de Freitas, que antes de ser aterrada, ficava ao lado do Estádio da Gávea, foi motivo de polêmica recente, pois renomados pesquisadores alegaram que não conseguiram achar referências a esses casos nos jornais da época, mas além das muitas testemunhas que garantiram que a pretensa lenda era verdadeira, os fatos constam publicados em O Globo Esportivo, edição 171 de 1941, página 5. A Charanga do Flamengo foi a primeira torcida organizada do Rio de Janeiro, a terceira mais antiga do Brasil, fundada justamente em um Fla-Flu, no empate por 1 a 1 em Laranjeiras no dia 11 de outubro de 1942 que daria posteriormente o título ao Flamengo, nome dado pelo rubro-negro Ary Barroso a banda que passaria a acompanhar os jogos do Flamengo, desde então.O Flamengo só pôde comemorar o título 140 dias depois, por conta do Botafogo ter entrado na Justiça Desportiva para conquistar os pontos de derrota sua para o São Cristóvão, pleito recusado em segunda instância, com o Alvinegro tendo terminado como vice-campeão e o Fluminense em terceiro lugar. Em 1943, no bicampeonato carioca do Flamengo, o Fluminense ficaria com o vice, dois pontos atrás, e foram fundamentais para o título rubro-negro os pontos conquistados nos confrontos entre eles (vitória do Fla por 2 a 0 e empate em 2 a 2). Entre 1937, ano da pacificação do futebol do Rio de Janeiro, que entre 1933 e 1936 teve duas ligas – a princípio uma profissional e outra amadora –, quando todos os clubes passariam a fazer parte de uma liga profissional, e o ano de 1944, a dupla Fla-Flu ganhou todos os oito campeonatos disputados – quatro cada um –, sendo interrompida em 1945 pelo Vasco. Em 1946 aconteceu um dos campeonatos cariocas mais emocionantes da História, pois 4 clubes (America, Botafogo, Flamengo e Fluminense) terminaram empatados com 26 pontos, mostrando o equilíbrio que houve entre estes clubes durante o campeonato regular. Na fase decisiva, que ficou conhecida como Supercampeonato, o Fluminense foi o campeão com 11 pontos, contra 8 do Botafogo e 5 do Flamengo, terceiro colocado, com o Tricolor empatando o clássico do turno e vencendo o do returno contra o Flamengo, fundamentais para o resultado final, sem o que, em caso de vitória rubro-negra nos dois jogos, três clubes teriam terminado empatados novamente com oito pontos. A vitória tricolor por 1 a 0 em 14 de outubro de 1951, na qual foi estimulada uma "Disputa de torcidas", marcou o primeiro Fla-Flu que fez jus ao título de "Clássico das Multidões", pois além dos 109 212 torcedores registrados houve um grande derrame de ingressos falsos, com a imprensa carioca estimando em 40 000 o número de pessoas que teriam estado no Maracanã naquele dia, além dos espectadores registrados, competição que sagraria o Fluminense campeão ao seu final Sugerida por Mário Filho, esse jogo também marcou a primeira vez na qual houve divisão de torcidas no Maracanã. O Flamengo iniciaria campanha que redundaria em seu primeiro tricampeonato na Era Maracanã no Campeonato Carioca de 1953, que teve nesse ano o Fluminense como vice-campeão, com os três Fla-Flus tendo grande movimentação de público. No primeiro turno, vitória do Fluminense por 3 a 2 perante 116 266 torcedores (103 132 pagantes), no segundo, vitória rubro-negra por 2 a 1 perante 122 434 expectadores (101 217 pagantes) e no terceiro o Flamengo repetiu o placar do segundo turno perante 96 064 torcedores (84 209 pagantes). Em 1956, duas derrotas do Fluminense para o Flamengo, ambas por 1 a 0, seriam determinantes para a definição do título, conquistado pelo Vasco com três pontos a mais que o Tricolor. O até então tricampeão, o Flamengo, terminaria em terceiro e o jogo de maior público entre eles seria a vitória rubro-negra por 1 a 0 em 16 de setembro, acompanhada por 102 245 torcedores (94 557 pagantes). Dida, Castilho e Pinheiro em 1961. Em jogo válido ainda pela sexta rodada do Campeonato Carioca de 1961, 87 010 torcedores pagaram pelos ingressos, em partida na qual não se conhece atualmente número de não pagantes, na vitória tricolor por 4 a 3, na qual o Flamengo abriu o placar, o Fluminense virou para 4 a 1 ainda no primeiro tempo e o Flamengo diminuiu para 4 a 3 no segundo, faltando ainda 6 minutos para o final de uma partida muito movimentada. No Campeonato Carioca de 1962, também no início do campeonato, na quarta rodada, 113 840 torcedores (105 486 pagantes), assistiram a vitória rubro-negra por 1 a 0, placar que se repetiria no returno e que seria fundamental para a definição da classificação final, pois o Botafogo terminaria campeão com 39 pontos, contra 38 do Flamengo, vice-campeão, e 36 do Fluminense, terceiro colocado. Com 194 603 espectadores no Maracanã, o Flamengo sagra-se campeão carioca de 1963 após empate por 0 a 0, no qual o seu goleiro Marcial foi uma das maiores figuras em campo, notadamente ao defender chute de Escurinho no final da partida. O primeiro Fla-Flu válido por uma competição oficial nacional foi o empate por 1 a 1 no Torneio Roberto Gomes Pedrosa de 1967, mas a vitória de 1 a 0 do Fluminense na edição seguinte ficou marcada pelo gol irregular de Wilton, que desviou a bola com a mão do goleiro Marco Aurélio antes de anotar o Após assistir ao Fla-Flu decisivo do Campeonato Carioca de 1969, o escocês Hugh cIlvanney,correspondente do The Observer, fez o seguinte comentário, publicado no Jornal do Brasil: Enorme, esmagador, capaz de transformar em carnaval um espetáculo de futebol, o Maracanã já é uma lenda. A realidade contudo, é muito maior. A memória que em mim, ficará para sempre do Fla-Flu e, mais, do próprio futebol brasileiro, será desta enorme, pungente, feliz experiência humana.
Uma das parcerias econômicas que mais renderam frutos para o desenvolvimento do futebol foi consumada em um Fla-Flu, em meados da década de 1970, quando João Havelange, então presidente da FIFA, levou o presidente de uma multinacional de refrigerantes ainda reticente para associar a imagem de sua empresa a esse esporte para ver o grande clássico. Ao entrar no estádio, o presidente desta multinacional tremeu ao ver o colorido e ao ouvir o barulho das duas grandes torcidas, momento em que o torcedor do Fluminense, João Havelange, usou o argumento definitivo para a conclusão da parceria: - Presidente, isto é o futebol! No dia 30 de janeiro de 1977, um Combinado Fla-Flu, desfalcado dos jogadores que a serviam, empatou em 1 a 1 com a Seleção Brasileira que se preparava para jogos das Eliminatórias da Copa do Mundo de 1978.[5 Exceto justamente neste ano de 1977, a dupla Fla-Flu ganhou todos os campeonatos cariocas da década de 1970. Uma peculiaridade aconteceu em 1983, quando o Fluminense venceu o Flamengo por 1 a 0 com gol do meia Assis no fim do jogo, ficando dependendo de um tropeço do Bangu - com quem o Fluminense no primeio jogo do triangular empatou por 1 a 1. O Bangu enfrentaria o Fla no último jogo do campeonato. Mesmo já eliminado, o time da Gávea venceu o jogo por 2 a 0, dando o título ao Flu. Na empate por 1 a 1 válido pelo triangular decisivo do Campeonato Carioca de 1985, o lateral flamenguista Leandro fez aquele que ele considera o gol mais bonito de sua carreira, sendo também este o último Fla-Flu narrado pelo conhecido locutor Jorge Cury, rubro negro confesso, que viria a falecer ainda neste ano.[56][57] Entre 1969 e 1986, anos de intensa presença de público no Estádio do Maracanã, a dupla Fla-Flu ganhou 16 títulos do Campeonato Carioca (9 do Fluminense e 7 do Flamengo) em 19 disputados e 5 títulos do Campeonato Brasileiro (3 do Flamengo e 2 do Fluminense).
O Flamengo foi ainda campeão da Copa Libertadores da América e da Copa Intercontinental nesse mesmo período, considerando os títulos mais importantes dos dois clubes.[58] No dia 2 de dezembro de 1989, Zico se despediu do Flamengo justamente em um Fla-Flu, disputado na cidade de Juiz de Fora, com o Flamengo vindo a ganhar por 5 a 0 e Zico tendo feito um gol em sua despedida.[59] A final do Campeonato Carioca de 1995 foi uma partida emocionante, celebrada não apenas pelo lance que definiu o seu desfecho, um gol de barriga, em um jogo cheio de alternativas, mas também peduelo dos craques, notadamente Romário e Renato Gaúcho, ícones das duas equipes nesta jornada. No dia 16 de junho de 2020, por ocasião do aniversário de setenta anos do Maracanã, o site Globoesporte.com publicou o resultado de uma enquete com mais de 50.000 eleitores, na qual essa decisão foi apontada como o maior jogo da História do Maracanã, com 59,79% dos votos, com os dez jogos que concorreram, envolvendo clubes e seleções, tendo sido os dez mais votados em eleição que envolveu setenta jornalistas esportiv O último Fla-Flu a levar mais de 100.000 pessoas ao Maracanã antes das obras de modernização que diminuíram a sua capacidade, foi o empate por 1 a 1 em 4 de abril de 1999, com 106.111 torcedores presentes.
Pesquisa Magno Moreira e Emanuelle Moreira