O RECONHECIMENTO AO FRANGUINHO: A vida não costuma reconhecer o valor de quem tem. O valor, mesmo sem tê-lo, acaba indo para um ou outro impostor. Raramente para o seu dono. No futebol, ainda mais do que na vida! Mas o tardio reconhecimento veio, mesmo que trinta anos depois, para o nosso FRANGUINHO, revelado no Cianorte E.C. em sua fase amadora, pelo João Villela, o João Bola, e que depois bateu asa, virou ADEMIR ALCÂNTARA, e foi conquistar o mundo. Neste domingo, 13, no estádio Xingú, em São José dos Pinhais, num amistoso que reuniu ex-atletas do Coritiba, Atlético e Paraná Ademir e seus companheiros enfrentaram o Tupi, de Santa Catarina, num jogo festivo e rememorativo.
Ademir recebeu o agradecimento pelo que fez pelo futebol paranaense, com certificado, e um bonito troféu.
Muito obrigado, também de nós- que vão colocar seus nomes abaixo – de Cianorte, meu craque!
Ademir, está à direita na foto, ao lado de Jétson, também ex-atleta profissional.
Abaixo recupero antiga publicação minha que conta a trajetória de Ademir Alcântara:
ADEMIR ALCÂNTARA: EM CIANORTE NINGUÉM JOGOU MAIS QUE ELE
Por Marco Antônio de Paula Franco
Uma pena, pois Ademir foi e será sempre o melhor jogador de futebol de Cianorte, contando os nascidos aqui e os que vieram contratados de fora. Não acho possível o Leão do Vale ter um jogador do nível dele. Lembrava muito a elegância de Ademir da Guia, era técnico, jogava de cabeça erguida, era um jogador de nível de seleção e jogou no Benfica, no auge da carreira, com Mozer, Elzo e Valdo que eram jogadores, de fato, da Seleção Brasileira.
COMO SURGIU
João Vilela, o Bola, tinha o seu time, o Cianorte Esporte Clube, hoje Cianorte Futebol Clube, o nosso Leão do Vale, e volta e meia surgia um menino bom de bola. Em 88 apareceu um que era mais que bom de bola: era craque, na acepção da palavra. Mas tinha uma cabeça esquentada.... Eu mesmo, Marcão do Cartório, na época jogando no time dos juniores, em 79, pude presenciar inúmeras discussões entre eles. Vi até Franguinho jogar a camisa no chão e ir embora para casa, ante a promessa do Bola de não jogar mais com ele. Mas não tinha como deixar de fora aquela pérola.
E Bola foi se moldando, já que não havia como enquadrar a fera. E prometeu que o levaria ao Pinheiros, clube de Curitiba, que mais tarde se juntou ao Colorado para formar o hoje Paraná Clube. Compromisso empenhado Bola começou a treiná-lo, junto com o zagueiro Cidãozinho e o centroavante Geraldo Destefani, o Pebinha. Estes também grandes promessas. Eu me lembro deles seguindo pela linha férrea, na Zona 04, indo até o distrito de Vidigal. Eram baterias extenuantes. Foram meses de preparação extrema. E lá foram eles para Curitiba. Os três foram aprovados e passaram a jogar no time da base do Pinheiros.
O INÍCIO
Franguinho virou Ademir para ser jogador no Pinheiros, e não demorou praticamente nada para ele explodir. Havia, na época, um torneio de seleções estaduais de juniores, e fora do calendário, o que fazia com o Fantástico, da Rede Globo, apresentasse os gols. Ademir, lógico, já era o 10 da Seleção. Aquele destaque, e aliado aos desentendimentos que tinha com o treinador Borba Filho, do profissional – coitado do Borba, deve ter sofrido o mesmo que o Bola – acabou levando-o ao Pelotas do Rio Grande do Sul, por quem aparece jogando na foto acima. Lá matou a pau; embora armador, foi artilheiro do Campeonato Gaúcho com 21 gols.
Não tinha como não ser notado pela dupla GRENAL
Foi imediatamente contratado junto ao Pinheiros - ainda dono de seu passe -, pelo Internacional que tinha um timaço. O meio campo era o destaque, com Ademir Keifer – por causa deste Ademir, para não confundir nome, o nosso virou Ademir Alcântara -, Luiz Freire e o cracaço, titular da seleção uruguaia, Rubén Paz, considerado um dos principais armadores do mundo. E era exatamente onde Ademir jogaria: na 10 de Paz.
A EUROPA
Nem bem assentou no clube e veio o convite do Vitória de Guimarães de Portugal. Lá Ademir Alcântara fez grandes campanhas o que lhe abriu as portas para o principal time da “terrinha”, e um dos maiores da Europa: o Benfica. No Benfica jogou com Elzo, Mozer, Valdo e uma série de jogadores consagrados.
O FINAL DA CARREIRA:
Voltou ao Brasil e jogou no Coritiba, coincidindo com o início de carreira do meia Alex, grande destaque depois do Palmeiras e da própria Seleção Brasileira. Alex deu uma entrevista, há pouco tempo, dizendo que aprendeu e adotou aquela parte técnica, vistosa, olhando jogar o seu grande inspirador: Ademir Alcântara.
O HISTÓRICO: 1979: Cianorte EC (amador);
79/84: Pinheiros: 84: Pelotas: 8
5/86: Internacional; 86/88: Vitória de Guimarães (Portugal);
88/90: Benfica (Portugal);
91: Boa Vista (Portugal);
94: Mogi Mirim;
95/96: Coritiba.
Por Marco Antônio De Paula Franco