Pesquisa - O carro mais lento da F1


Pra começar, uma publicação sobre um assunto bem curioso. O carro mais lento da F1. Muitos vão falar da Spirit, da Osella, da Andrea Moda, ahh e claro, a Lola Mastercard. Mas vou falar de uma equipe a qual mesmo suas fotos são uma raridade. No início de 1989, o italiano Ernesto Vita financiou o projeto de um motor V12, desenhado pelo ex-engenheiro da Scuderia Ferrari, Franco Rocchi, e comprou a equipe First para um ex-piloto de Fórmula 1, o italiano Lamberto Leoni, que pretendia entrar na categoria, mas teve o carro recusado pela FIA. Pra quem não sabe, a FIRST foi uma equipe de Fórmula 1 italiana, que tentou disputar a Temporada de Fórmula 1 de 1989. A equipe construiu um carro para a disputa do campeonato, projetado pelo brasileiro Ricardo Divila (ex-Coopersucar), e movido por um motor Judd V8. O italiano Gabriele Tarquini seria o piloto titular. 
No entanto, o chassi foi mal construído, e Divila desmentiu a concepção do carro, alegando que era inseguro, mesmo chegando ao ponto de dizer que o carro estava bom. O carro falhou no crash-test, e a First se retirou antes da temporada começar. Adquirida a propriedade da antiga equipe, o carro foi remodelado e batizado de Life F190. 
1990_Gary_Brabham_Life_F190_Interlagos_GP_BRA_[5]
Começava, então, a curta história da equipe Life Racing Engines na F1.De início, a idéia pareçia inovadora e ambiciosa, pois a equipe não só fabricava os próprios motores , como inovou ao usar motores W12, com os doze cilindros distribuidos em quatro fileiras de três cilindros cada. Em 1990, o australiano Gary Brabham, filho do tricampeão Jack Brabham, foi contratado para pilotar o carro (a equipe adotou uma pintura igual à da Ferrari). Porém, depois de não se classificar para duas corridas, nos Estados Unidos e no Brasil, deixou a equipe, dizendo que “tudo era uma enorme bagunça”. 

O veteraníssimo Bruno Giacomelli, afastado da F-1 desde 1983 (69 GPs e 14 pontos marcados), mas trabalhando como test-driver na Leyton House, foi convencido a guiar o carro a partir do Grande Prêmio de San Marino, mas o projeto era mesmo um fracasso total: não se classificou para nenhuma corrida, mesmo depois da troca do motor Life W12 por um Judd V8, a partir do Grande Prêmio de Portugal. Na Espanha, a última tentativa. Novo vexame. Foi a última vez que um carro Life foi visto. Foram 14 tentativas fracassadas.O conjunto era tão ruim, que os tempos obtidos no treino pré-classificatório oscilavam entre 15 e 20 segundos mais lentos que os dos últimos colocados na sessão, geralmente uma Osella ou uma A.G.S. Consta que, quando Ricardo Divila viu o desenho do projeto final (totalmente modificado em relação ao proposto inicialmente), ficou horrorizado com os perigos que o carro representava, e insistia, pessoalmente, para que os pilotos contratados se recusassem a pilotá-lo. Dentre as várias histórias existentes da equipe, duas são peculiares. 

Uma, a rara oportunidade de conseguir uma foto do carro. O fotógrafo tinha que ficar bem atento às pré-qualificações de sexta de manhã para não perder um lance sequer, pois, se perdesse uma passagem dela, talvez voltasse para a casa sem uma foto da equipe. E assim foi em Interlagos 1990. A foto acima, foi tirada provavelmente próxima à entrada dos boxes e tem qualidade muito boa. O fotógrafo foi esperto, pois se esperasse mais uma volta para fotografar o carro, não conseguiria. O fraquissimo motor Life W12 ruiu em menos de meia volta, deixando Gary Brabham pelo caminho. 

Essa foi a única vez que a Life e Gary andaram em Interlagos. Outra história fala sobre o total de voltas completadas pelo carro da Life nas 14 pré-qualificações em que a equipe esteve presente em 1990. Descontando a óbvia primeira passagem após a saída do box (como foi o caso da foto acima), chegou ao impressionante número de… sete voltas. Alguém aí confirma isso?

Pesquisa - Magno Moreira

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