Então, eu retratei em uma charge, um brasileiro em cima do poste de luz fugindo da torcida gaúcha, dos gremistas e colorados – comenta Marco Aurélio. A seleção gaúcha era formada por um misto de jogadores dos clubes de maior rivalidade do Rio Grande do Sul. E, por essa razão, o desafio era unir torcedores gremistas e colorados na arquibancada a favor de uma única equipe. - Era tudo a mesma coisa. Ali, nós estávamos representando o Rio Grande do Sul. A torcida gaúcha queria de qualquer maneira ganhar da seleção brasileira – explica Claudiomiro, ex-jogador do Internacional e integrante do combinado gaúcho. Mais de cem mil pessoas acompanharam a partida no Beira-Rio.
O público foi o maior da história de Porto Alegre. Pelo fato de não existirem linhas de ônibus que chegassem ao estádio, muitos torcedores navegaram a bordo de barcos para se locomover até o local. A seleção gaúcha saiu na frente com gol de Tovar. O empate do Brasil, com Jairzinho, causou polêmica: o atacante beijou o uniforme na frente da torcida local na comemoração. - Como você vai em um estádio onde a Seleção vai se apresentar e você não vê nenhuma bandeira do Brasil? Pensamos: “nós não estamos no Brasil”- diz Rivellino. Após Carbone desempatar para os gaúchos, Paulo César Caju empataria mais uma vez o jogo e protagonizaria uma das frases mais célebres da época, estampada nos jornais:
“Devolvam meu passaporte. Quero voltar para o Brasil”. Com gols de Claudiomiro, de um lado, e Rivellino, de outro, o resultado de três a três entraria para a história como a vez em que a seleção gaúcha quase venceu a seleção brasileira. - Nós realmente não estávamos no nosso país, então a frase tinha a ver com isso mesmo. Mas, honestamente, foi um dos melhores jogos que já fizemos, não só pelo clima de guerra criado, mas também porque eram dois times excepcionais – avalia o ponta-esquerda da Seleção.