VIDEO - Confronto entre seleção brasileira e seleção gaúcha completou 40 anos em 2012

A partida de um estado contra sua nação. Assim foi considerado o confronto entre a seleção gaúcha e a seleção brasileira, que completou 40 anos em 2012. A opção do técnico Zagallo em não convocar o jogador Everaldo, tricampeão mundial em 1970, para a Copa Independência, dois anos depois, era o pretexto para a realização da partida. Um combinado de jogadores do Grêmio e do Internacional representava o Rio Grande do Sul e a rivalidade gaúcha desaparecia por noventa minutos. - É um estado em que o bairrismo é muito forte. Então, aquilo virou uma guerra – lembra o jogador Paulo César Caju. A imprensa gaúcha foi um dos organismos que mais contribuiu para esquentar o ambiente pré-jogo. Charges como a do cartunista Marco Aurélio nas vésperas da partida indicavam que nenhum símbolo referente ao país era bem-vindo ao estado, na época. Nós realmente não estávamos no Brasil" Paulo Cesar Caju - Se alguém entrasse com a bandeira do Brasil lá, certamente não sairia vivo.

Então, eu retratei em uma charge, um brasileiro em cima do poste de luz fugindo da torcida gaúcha, dos gremistas e colorados – comenta Marco Aurélio. A seleção gaúcha era formada por um misto de jogadores dos clubes de maior rivalidade do Rio Grande do Sul. E, por essa razão, o desafio era unir torcedores gremistas e colorados na arquibancada a favor de uma única equipe. - Era tudo a mesma coisa. Ali, nós estávamos representando o Rio Grande do Sul. A torcida gaúcha queria de qualquer maneira ganhar da seleção brasileira – explica Claudiomiro, ex-jogador do Internacional e integrante do combinado gaúcho. Mais de cem mil pessoas acompanharam a partida no Beira-Rio.

 O público foi o maior da história de Porto Alegre. Pelo fato de não existirem linhas de ônibus que chegassem ao estádio, muitos torcedores navegaram a bordo de barcos para se locomover até o local. A seleção gaúcha saiu na frente com gol de Tovar. O empate do Brasil, com Jairzinho, causou polêmica: o atacante beijou o uniforme na frente da torcida local na comemoração. - Como você vai em um estádio onde a Seleção vai se apresentar e você não vê nenhuma bandeira do Brasil? Pensamos: “nós não estamos no Brasil”- diz Rivellino. Após Carbone desempatar para os gaúchos, Paulo César Caju empataria mais uma vez o jogo e protagonizaria uma das frases mais célebres da época, estampada nos jornais:

“Devolvam meu passaporte. Quero voltar para o Brasil”. Com gols de Claudiomiro, de um lado, e Rivellino, de outro, o resultado de três a três entraria para a história como a vez em que a seleção gaúcha quase venceu a seleção brasileira. - Nós realmente não estávamos no nosso país, então a frase tinha a ver com isso mesmo. Mas, honestamente, foi um dos melhores jogos que já fizemos, não só pelo clima de guerra criado, mas também porque eram dois times excepcionais – avalia o ponta-esquerda da Seleção.