Ao nosso herói de luvas



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Na fórmula 1 existe um termo apropriado ao nosso momento: “É hora de trazer as crianças de volta para casa”, diz o chefe da equipe alertando para só guiar, só dirigir de volta, sem nenhum arroubo, nenhum perigo. Hoje é isso que nos resta: trazer o nosso herói, de volta, para casa. Para a sua cidade. Para o seu mundo. É exatamente o caminho inverso. Na ida a hombridade, o talento, mas a obscuridade. Nós conhecíamos Danilo. Sabíamos do que era capaz.
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O Brasil, não. Os passos que ele deu em direção ao seu objetivo, à materialização do seu sonho, foram sempre firmes. Não deu nenhum deles para trás. Saiu do Cianorte em situação nunca esclarecida.
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Magoado, injustiçado? Nunca saberemos. Herói mirim das categorias de base do Leão do Vale, começou com Tencati – o professor deve ter chorado nosso mesmo choro nesta semana, pai que era, segundo ele próprio, não biológico - ; começou com Neilson, Pedro Oldoni, Fernandinho, Pomarola, enfim tantos grande jogadores de uma geração de ouro. Guindado ao profissional em 2004 foi reserva de Adir, mas aluno de Caio Júnior.

Mas, mesmo fora, o Cianorte nunca saiu dele. Nem o Cianorte nem a Cianorte. Não era possível. Cianorte era ele próprio, corria nas veias, dormia e acordava cianortense. Nas inúmeras entrevistas disse sempre ser natural de Cianorte. Não era. Mas de tanto falar virou. Na marra. Enquanto muitos negam sua procedência, mesmo cianortenses legítimos Danilo assumiu e abraçou nossa terra. Honrou os tantos Braizinhos que criam e dão de presente figuras maiúsculas como a do nosso goleiro. Chegou ao Londrina por mãos de Tencati.

Foi à Chapecoense nos braços do povo. Depois que jogou o primeiro jogo em Santa Catarina o antigo titular nunca mais jogou. Aos poucos virou goleiro da rodada, goleiro do turno, agora está sendo votado goleiro do campeonato. Pegou pênaltis em penca – quatro num jogo só. E fez defesas antológicas, ao ponto de ser sugerido como santo na semana retrasada pelo pessoal do Sportv. Humilde disse que era coisa do povo. Só fizera seu trabalho.

No jogo contra o Palmeiras, este que o Palmeiras virou campeão brasileiro não foi correto comigo. Tirou minha oportunidade de vibrar com o alvi-verde imponente, da defesa que ninguém passa. Por várias vezes me surpreendi torcendo para o Palmeiras não marcar, como naquele arremate do Gabriel Jesus que Danilo mandou para escanteio com a maestria de sempre. Sob minhas palmas. No gol do Palmeiras, o toque de Fabiano foi longe demais do Paredão. E tão inesperado que surpreendeu nossos santos protetores: o do Danilo e o meu.

E quando mais se esperava pela materialização de sua grandeza, por sua confirmação, por sua inserção na linha de frente do nosso futebol veio a tragédia. E mais uma vez Danilo foi gigante: ao ter se portado sempre com humildade, decência, durante toda a sua trajetória, agora quando as pessoas falam dele existe uma mistura de modelo de gente e de atleta.

E se tivesse aqui, entre nós, - e nós o teremos sempre em nossas lembranças, nossas melhores lembranças – o nosso defensor, o cara que foi cianortense como poucos veria que o amor por sua cidade, por seu trabalho, por seus ideais, colocou Cianorte num destaque de mídia que só um gigante poderia colocar.

Só um herói, como ele!

Por  Marco Antônio de  Paula  Franco/julho de 2017