Band : Cicinho: 'poderia ter sido um pouco mais profissional'

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Da Redação, com Bradesco Esportes FM Rio | esportes@band.com.br
Cicinho está de bem com a vida. O lateral-direito que despontou ao São Paulo, chegou à seleção brasileira, teve passagens sem muito brilho por Real Madrid e Roma, e voltou ao Sport sem deixar saudade em 2012, reencontrou seu futebol na Turquia. O jogador de 35 anos parte para seu terceiro ano no Sivasspor, sendo que nos dois anteriores ele foi eleito o melhor da posição no Campeonato Turco, além de ter liderado a liga em assistências no primeiro ano e ter ficado em segundo na temporada seguinte.

Em entrevista ao jornalista Juan Rodrigues, da rádio Bradesco Esportes FM Rio, Cicinho contou como foi trabalhar com Roberto Carlos como treinador, disse que o momento mais feliz de sua carreira foi no São Paulo, lamentou sua falta de profissionalismo durante a carreira, admitiu que recebeu duas propostas do Besiktas, fez campanha por Fernandão na seleção brasileira e ainda revelou que rejeitou a construção de uma estátua sua na cidade de Sivas.

Confira abaixo os principais trechos da entrevista:

Roberto Carlos treinador
"O Roberto, apesar de ter iniciado a carreira como treinador, manteve muito aquele comportamento dele de jogador. Como ele foi um jogador vitorioso, ele procurou passar isso. Por ter parado recentemente de jogar futebol, ele entende a maneira como os jogadores se comportam. Foi muito fácil a adaptação, até pela amizade. Ele pediu somente para que eu me empenhasse, porque ele confiava em mim. Eu procurei retribuir a confiança e consegui ajudar".

Dono do time no Sivasspor?
"Não, não. Eu sou muito bem quisto aqui, todos gostam do meu trabalho. O presidente, os diretores sempre conversam comigo para que eu seja exemplo, até pelo currículo que eu tenho. Eles pedem que eu fale com os jogadores que estão começando sobre a questão da empolgação, todos sabem da minha história no futebol, por tudo que eu passei".

Brasileiros na Turquia
"O Brasil é uma mina de jogadores. Os investidores turcos viramque é fácil tirar jogadores do Brasil com custo mínimo e fazer dinheiro, como aconteceu no caso do Fernandão (que está no Fenerbahçe. E os brasileiros hoje não têm aquela questão de antigamente, de não se adaptar com a comida, com o frio... Os brasileiros se adaptam a qualquer lugar e levam alegria para onde forem. Principalmente o Alex, o Zico e o Roberto Carlos passaram por aqui e deixaram essa boa impressão".

Passagens por Real, Roma e São Paulo
"Eu fui privilegiado por jogar no clube que era considerado Os Galácticos, que era o Real Madrid. Todos falam que é o maior time que houve, com Zidane, Beckham, Ronaldo, Roberto Carlos, Raúl. Eu pude fazer parte desse grupo vencedor. Na Roma, que é um dos maiores clubes da Itália, eu não conquistei o Italiano, mas ganhei a Copa da Itália e a Supercopa. E foi o São Paulo que me projetou, é sem sombra de dúvida o clube que tenho maiscarinho. É com certeza o lugar onde fui mais feliz. Mas tudo passou e hoje eu tenho isso dessa maneira, como história, como lembrança. Claro que se eu for parar para pensar no que abri mão quando estava nesses clubes, às vezes dói um pouco. Na minha carreira eu poderia ter sido um pouco maisprofissional. Se eu fosse mais profissional, eu poderia estar num desses três clubes até hoje. Mas Deus abriu as portas aqui no Sivasspor, eu sou muito bem quisto por onde eu viajo. Por dois anos consecutivos eu fui o melhor lateral. Já tive duas propostas para ir ao Besiktas e o presidente não liberou porque hoje eu criei uma identidade com o Sivasspor".

Proposta do Besiktas
"O meu representante falou que o Besiktas estava conversando com a diretoria do Sivasspor e nós estávamos quase acertando, mas o presidente do Sivasspor falou que não tinha interesse em me negociar. Meu contrato não tem multa rescisória e eu cogitei rescindir o contrato, só que aqui eles são muito profissionais. Diretor de clube não briga com outro diretor. E o diretor do Besiktas disse que não interessava brigar com o Sivasspor. Então ficou por isso. Meu presidente em momento algum falou que o Besiktas estava interessado. Ele declarou que eu não ia sair, que eles contavam comigo e isso me deixou muito feliz porque eles me valorizam".

Estátua em Sivas
"Nesses tempos atrás eu fui a uma emissora de TV aqui na Turquia que somente o Roberto Carlos tinha ido de brasileiro. E os torcedores do Sivasspor pediram autorização para fazer uma imagem de escultura para colocar na cidade como um jogador símbolo. Eu falei que não me sentiria bem porque sou um cara totalmente fiel a Deus, só adoro a Deus e não gostaria que fosse colocada uma imagem para ser adorada. Eles entenderam e agradeceram minha honestidade. Isso me deixa feliz, a maneira como fui recebido. Aqui, quando eu saio na rua, todos me cumprimentam e pedem minha permanência. Eu ainda tenho um ano de contrato e tem a possibilidade de renovação".

Época na seleção
“Era uma seleção que já vinha de longa data. Na minha época não precisava tanto de treinamento. Você pegava a equipe titular, com Cafu, Lúcio, Juan, Roberto Carlos, Emerson, Juninho Pernambucano, Ronaldo, Adriano... Era uma equipe que vinha jogando há muito tempo junta. Na apresentação, treinava pouco porque cada um já sabia o que o outro queria. Hoje a seleção tem pouco tempo para se adaptar, tem que treinar rápido e convive com essa pressão. Naquela época convivia com a pressão e eram jogadores de bagagem. Nós temos uma seleção que se limita em cima do Neymar. Se o Neymar não joga, o Brasil não vai para frente. Estamos falando da seleção, a seleção é mais que Neymar. O Neymar é um fenômeno, mas nós não podemos depender só de um jogador. A seleção brasileira sempre teve um elenco em que todos contribuíam. Falta personalidade para os demais jogadores, que são cobrados e não estão acostumados à pressão".

O 9 da seleção
"Hoje nós não temos um jogador fixo ali na área. Estou falando como torcedor. Já que o treinador da seleção brasileira olha para tantos lugares, convoca jogadores da Ucrânia, hoje tem um camisa 9 que seria, sem sombra de dúvida, o Fernandão, do Fenerbahçe. Ele foi artilheiro no ano passado e não foi chamado para a seleção. Nós vemos no Brasil jogadores que estão no banco dos seus times sendo convocados. Seleção é o melhor no momento. Para mim, o melhor no momento ainda é o Fred e o Fernandão. É um jogador que assumiria a 9 e brincaria de fazer gols. Aqui na Turquia ele racha de fazer gols. No Brasil, com a qualidade que tem, recebendo passes de Neymar e Willian, ele seria o 9 da seleção".
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