Loukia Koumi
Estudante, Universidade de Oxford, blogueira da BBC Brasil
Esta é a primeira vez que estou num país-sede de um evento tão
grande como a Copa do Mundo.
Faltam pouco mais de duas semanas para a Copa e eu estou chocada pela fúria
que vem sendo manifestada por muitos brasileiros contra o torneio. A
determinação dos manifestantes me impressiona muito, acho admirável ver as
pessoas lutarem pelos seus ideais.
Somente nos últimos sete dias, eu vi uma manifestação de professores; uma
greve de transporte público que deixou quilômetros de ruas vazias, sem ônibus; e
diversos novos protestos contra a Copa que forçaram o fechamento de ruas e
grandes avenidas de São Paulo e de outras cidades brasileiras.
No momento em que escrevo este post, ocorre uma manifestação enorme na
Avenida Faria Lima, bem aqui onde moro, perto do centro de São Paulo.
Alguém que não tenha conhecimento da situação vivida aqui no Brasil deve
pensar que os brasileiros estão contentes por ter a Copa em seu país –
exatamente o tipo de imagem que o governo está tentando passar.
Mas, cada vez fica mais claro que se estas ações continuarem acontecendo
durante o torneio, as paralisações vão sim afetar o evento.
Imaginem uma greve no transporte público em dia de jogo! A cidade ficará
praticamente paralisada.
Basta ver as fotos da multidão na estação Pinheiros que foram publicadas nas
capas dos grandes jornais.
Me faz pensar como reagirão a polícia e os políticos.
Será que para evitar o risco de vergonha internacional, a presidente Dilma
Rousseff irá atender as reivindicações dos cidadãos?
Como já deixei claro no meu último post, não tenho muita fé em políticos.
Estas manifestações começaram no ano passado e o fato delas continuarem até
hoje mostra que, até agora, as reclamações não foram atendidas.
Mas, com os olhos de milhões de pessoas voltados para o Brasil, os
manifestantes sabem que o momento é favorável.
Resta saber que tipo de imagens vão marcar a Copa do Mundo de 2014.
A visão de um gol marcado por Neymar, Messi ou Cristiano Ronaldo? Ou a de
manifestantes e policiais nas ruas de uma das cidades-sede envoltos numa nuvem
de gás lacrimogêneo?
CONTEÚDO BBC BRASIL