Atlético atropela o Chelsea em Stamford Bridge e, depois de quarenta anos, volta à finalíssima da UEFA Champions League contra seu arquirrival Real Madrid
O Atlético de Madrid não se cansa de surpreender a Europa. Os rojiblancos de Diego Simeone não se intimidaram com o fato de enfrentarem o Chelsea em Stamford Bridge, mostraram postura semelhante à do jogo de ida, quando promoveram um atropelo ofensivo a despeito do 0-0 no placar, e venceram por 3-1 para carimbar seu nome na final da UEFA Champions League.
Esta vai ser a primeira final da maior competição europeia entre duas equipes da mesma cidade -- os arquirrivais do Real Madrid haviam se garantido na decisão nesta terça-feira, ao atropelarem o Bayern na Alemanha. O Chelsea tentou arruinar este feito inédito saindo na frente com gol de Fernando Torres -- ex-jogador do Atlético -- mas os colchoneros empataram ainda no primeiro tempo com Adrián.
O empate com gols já bastava aos espanhóis graças ao critério do gol fora de casa, mas a sede do Atlético, há quarenta anos afastado de uma final de Liga dos Campeões, era insaciável. Diego Costa, de pênalti, ampliou o placar quando, ironicamente, Mourinho decidira abrir seu ferrolho defensivo. Arda Turán se consagrou com o terceiro e garantiu uma classificação com todos os méritos à decisão em Lisboa, no dia 24/05.
O jogo
Mesmo jogando fora de casa, o Atlético de Madrid poucou mudou a postura de tomar a iniciativa que havia apresentado no jogo de ida, no Vicente Calderón. Já o Chelsea, apesar do improviso de Azpillicueta na ponta-direita, vinha menos fechado do que no empate sem gols que abriu a semifinal. Com isso, o primeiro tempo foi aberto a oportunidades de ambos os lados.
Quem ameaçou primeiro foi o Atlético, aos 6 minutos, em chute quase sem ângulo de Koke que enganou o adiantado Schwarzer. O experiente goleiro de 41 anos foi salvo pelo travessão. David Luiz responderia aos 23' com uma bicicleta que assustou Courtois.
Se os rojiblancos haviam começado mordendo bastante a saída de bola do Chelsea, deixando especialmente Ivanovic e Cahill em apuros, aos poucos a movimentação ofensiva dos Blues foi desafogando a defesa. As constantes trocas de posição de Willian se mostrariam cruciais aos 36': o brasileiro, originalmente na esquerda, avançou pelo lado direito e girou bonito diante de dois marcadores, deixando Azpillicueta chegar livre à linha de fundo. O ponta improvisado cruzou rasteiro na primeira trave e Fernando Torres se antecipou à zaga para estufar às redes -- criado no Atlético, 'El Niño' não comemorou o gol que deu vantagem ao time inglês.
Se Arda Turan deu bobeira ao não acompanhar a subida de Azpillicueta no gol do Chelsea, ele se redimiria pouco depois. Turan também infernizava a defesa com suas constantes inversões da direita para a esquerda e numa delas, aos 44', abriu espaço para Tiago dominar na intermediária e levantar a bola na área. Juanfran cruzou de bate-pronto na segunda trave e Adrián completou de canela para o canto aberto, dando o Atleti o resultado que precisava.
Mourinho decide abrir o Chelsea e Atlético mata o jogo no segundo tempo
Mas a vantagem do gol fora de casa parecia pequena para o Atlético. Os colchoneros voltaram do intervalo com o mesmo apetite da primeira etapa, pressionando a saída de bola do Chelsea e tendo a supremacia no meio-de-campo. A situação dos Blues estava começando a ficar tão nervosa que José Mourinho, o primeiro a voltar para o segundo tempo, esperou apenas dez minutos para lançar Eto'o no lugar de Ashley Cole.
A ousadia tática, no entanto, acabou saindo cara ao Chelsea. O Atlético cresceu ainda mais no ataque, desta vez explorando o lado direito -- sempre em cima de Azpillicueta, muito deficiente na marcação. Aos 15 minutos, pouco depois da entrada de Eto'o, Arda Turán teve liberdade na meia-direita para descolar um cruzamento bastante aberto. Diego Costa dominou no limite da grande área e foi atropelado pelo próprio Eto'o. Pênalti que o camisa 19 cobrou com categoria para marcar seu oitavo gol em oito jogos nesta Liga dos Campeões.
Pouco depois, aos 20 minutos, o Chelsea teve sua chance de ouro de voltar para o jogo. David Luiz acertou um cabeceio fortíssimo em falta cobrada por Willian, mas a bola explodiu no travessão e Courtois ainda deu sorte para espalmar no susto o rebote.
Mas o buraco aberto espontaneamente logo por Mourinho, tão preocupado com a defesa no jogo de ida, se mostrou fatal. Juanfran recebeu lançamento primoroso de Tiago, avançou com espaço pela direita e cruzou na segunda trave. Arda Turán apareceu em velocidade, cabeceou no travessão e completou o rebote no cantinho de um estático Schwarzer.
FICHA TÉCNICA
CHELSEA: Schwarzer; Ivanovic, Cahill, Terry e Ashley Cole (Eto'o - 54'); David Luiz e Ramires; Azpillicueta, Hazard e Willian (Schurrle - 77'); Fernando Torres (Demba Ba - 67').
Treinador - José Mourinho
ATLÉTICO DE MADRID: Courtois; Juanfran, Godín, Miranda e Filipe Luís; Mario Suárez e Tiago; Arda Turán (Cristian Rodríguez - 83'), Koke e Adrián (Raúl García - 66'); Diego Costa (José Sosa - 76').
Treinador - Diego Simeone
Local: Estádio Stamford Bridge (Londres/ING)
Árbitro: Nicola Rizzoli (ITA/FIFA)
Cartões amarelos: Cahill (31'), Diego Costa (60'), Adrián (65')
CONTEÚDO: