Estudo aponta perda de R$ 30 bilhões com feriados na Copa

Assessor econômico da Fecomércio/SP questionou retorno de gastos com Mundial


Estudo feito pela Federação do Comércio de São Paulo (Fecomércio-SP) calcula um prejuízo em torno de R$ 30 bilhões com os feriados que devem ser decretados durante a Copa do Mundo no Brasil. De acordo com o assessor econômico da entidade, Fábio Pina, se os empresários decidirem abrir as portas nos dias considerados "de folga", pagarão quase um 14º salário aos funcionários por conta dos adicionais.

“Tem dois prejuízos. Não abrindo, significa a perda de pagar salários fixos para quem não está trabalhando. Será gasto a mesma folha, mas com perda de arrecadação. A perda de PIB seria ao redor de R$ 30 bilhões, o que representa 0,6%. Se os empresários resolverem abrir, tem o adicional de 100% e mais 37% de encargos sobre esse adicional. Essa conta , somando os feriados regionais e nacionais, chega a R$ 130 bilhões a mais que terão que ser pagos na forma de remuneração. Este ano seriam pagos quase 14º salários e não 13º”, analisou o economista em entrevista à Rádio Guaíba.

De acordo com a Lei Geral da Copa, a União poderá decretar feriados nacionais durante os jogos da Seleção Brasileira e os municípios poderão fazer o mesmo nos dias de partidas em seus territórios. Pina explicou que o estudo levou em conta a possibilidade de 63 feriados durante o período de disputa do Mundial. " São 64 jogos, só que a final é em um domingo, então o efeito seria pequeno. Para as empresas dá no mesmo pagar mais para produzir a mesma coisa ou pagar o mesmo para produzir menos”, explicou.

O economista questionou ainda o retorno dos investimentos com a Copa. Segundo ele, outro estudo da entidade mostrou que não há certeza de que o Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil irá aumentar com o turismo após o Mundial. “A gente tem um outro estudo provando que não há evidências em outras copas de que o turismo interfira no PIB. Você investe em alguma coisa, mas deixa de investir em outra. O efeito da Copa do Mundo vai ser institucionalmente, mas os custos para a realização são elevados”, argumentou.

O economista acredita que cidades acostumadas a receber turistas não terão crescimento. “Não acho que vai ter mais turistas para assistir aos jogos do que, por exemplo, uma grande feira em São Paulo. Cidades que não têm esse mercado de turismo podem ter esse crescimento, mas as que já têm tradição de receber turistas não sentirão essa diferença. Por exemplo, no Japão a Copa fez o PIB crescer 1% a menos do que cresceria e a Coreia do Sul cresceu 1,5% acima. Não dá para chegar a conclusão se foi ruim ou bom. A Alemanha cresceu 3,5% a mais, mas lá grande parte da estrutura já estava pronta”, completou.


 

Fonte: Correio do Povo e Rádio Guaíba
Correio do Povo