Brasil X Argentina no futebol

  Argentina-Brasil em futebol refere-se ao confronto entre as seleções da Argentina e do Brasil no futebol, considerado um clássico mundial do desporto pela intensa rivalidade entre ambas as equipes. Quanto aos títulos, os argentinos levam vantagem na Copa América (14 títulos, contra 8 da seleção brasileira) e nas Olimpíadas (são bicampeões olímpicos e ainda conquistaram duas medalhas de prata, enquanto o Brasil ainda não venceu nenhuma medalha de ouro, possuindo três medalhas de prata e duas de bronze).

Em contrapartida, o Brasil venceu cinco vezes a Copa do Mundo (1958, 1962, 1970, 1994 e 2002) e quatro vezes a Copa das Confederações (1997, 2005 , 2009 e 2013), que são os dois maiores títulos do futebol mundial, enquanto a Argentina venceu a Copa do Mundo apenas duas vezes (1978 e 1986) e a Copa das Confederações uma única vez (1992). Em 2011 foi estabelecido a reedição da Copa Roca se tornando na atual disputa pelo título do Superclássico das Américas entre as potências do futebol da América.

Os dois países geraram grandes craques do futebol - tendo com exemplos Pelé, Diego Maradona, Garrincha, Zico, Di Stéfano, Romário, Batistuta, Lionel Messi-, sendo os maiores exportadores de jogadores pelo mundo afora, eminentemente nos campeonatos europeus.

1920 - Macaquitos

- Em 1920, quando o selecionado brasileiro chegava a Buenos Aires para um jogo, um jornal argentino publicou uma charge de conteúdo racista, onde os brasileiros eram representados como macacos desembarcando em solo argentino, por terem em sua seleção quatro jogadores negros. Ao saberem do fato, os brasileiros foram até o jornal tomar satisfações com o chargista. Estes recusaram-se a entrar em campo no dia seguinte, como protesto, só sobrando 8 jogadores dispostos a entrar em campo: Kuntz, Ayrton e João Reis; Oswaldo e Sissom; Constantino e Castelhano e Alvariza. Por educação e respeito, a seleção argentina aceitou disputar a partida, realizada em 12 de outubro no campo do Club Sportivo Barracas Bolívar, com apenas oito jogadores também, vencendo por 3 a 1. Tal ofensa racista se repetiu em 1996, nas semifinais do torneio olímpico de futebol e durante a Copa América 1999.

1940 e 1945 - As maiores goleadas

Pouco mais de um ano depois dos 5 a 1 de 1939, os argentinos ainda conseguiriam duas goleadas em Buenos Aires. Em 5 de março de 1940, no primeiro jogo da Copa Roca, a Argentina impôs a maior goleada da história do clássico, um humilhante e definitivo 6 a 1 . Na partida seguinte, em 10 de março a Canarinho venceu La Albiceleste por 3 a 2 em Buenos Aires, mas na finalíssima, os argentinos impuseram outra goleada, 5 a 1, sagrando-se campeões. Vingança das goleadas, no duro, só houve a 20 de dezembro de 1945, em São Januário, também pela Copa Roca. No primeiro jogo, vitória argentina em solo brasileiro por 4 a 3 em 16 de dezembro. O Brasil precisava vencer agora, e venceu com uma categórica, retumbante goleada de 6 a 2, gols de Ademir de Menezes(2), Heleno de Freitas, Zizinho, Chico e Leônidas da Silva. Essa foi a maior goleada já registrada pelos brasileiros contra os argentinos. Na partida final, em 23 de dezembro de 1945, uma vitória brasileira por 3 a 1 garantiu o título.

1971 - Equilíbrio total

- A Copa Roca de 1971 seria disputada em duas partidas no Monumental de Nuñes, Buenos Aires. No primeiro confronto, em 28 de julho, os atuais campeões mundiais empataram em 1 a 1 com os donos da casa. Na decisiva partida em 31 de julho, novo empate nos 90 minutos de tempo normal. O jogo foi para a prorrogação, que terminou com novo empate em 1 a 1, determinando o 2 a 2 daquele dia. Após tantos empates e equilíbrio, pela primeira e única vez na história da Copa Roca, dividiu-se o título, declarando Brasil e Argentina campeões de um torneio com dois participantes!

1974 - O primeiro clássico em Copas

- Apesar de tanta rivalidade, o primeiro confronto válido pela Copa do Mundo entre La Selección e a Seleção Canarinho, só ocorreu na Copa de 1974 na Alemanha Ocidental. O Brasil era tri-campeão mundial, o atual campeão e los hermanos ainda não tinham ganho um mundial. Em Hanôver, pela segunda rodada da fase de grupos da semifinal, a Argentina precisava no mínimo empatar com o arqui-rival ou estaria eliminada do Mundial. Já o Brasil, caso ganhasse, iria decidir com os Países Baixos quem iria para a grande Final. As seleções entram em campo naquele 30 de junho de 1974 com o Brasil vestido com a camisa azul pela primeira vez desde a final de 1958. Após pela triangulação do ataque brasileiro, Rivelino chuta forte sem chance para Carnevali. Brasil 1x0 aos 32 minutos. Aos 35, falta para a Argentina, cobrada com perfeição por Brindisi, que empata. Fora o primeiro gol sofrido pelo Brasil no torneio. O empate mantém as esperanças platinas, mas aos 4 do segundo tempo, o Brasil ataca, Jairzinho é derrubado na área, mas o juiz nada marca. A defesa tenta sair, mas o lateral-direito Zé Maria rouba a bola, avança e cruza para Jairzinho, de peixinho, decretar o 2x1 Brasil, e a eliminação da Argentina da Copa.

1978 - A batalha de Rosário

- O mais dramático encontro entre os rivais na era moderna, válido pela Copa do Mundo de 1978 na Argentina foi marcado pela tensão numa competição com criticável participação da ditadura militar Argentina , na qual o time da casa foi para a final após um jogo polêmico contra o Peru. Os adversários se encontraram no penúltimo jogo da fase semifinal da competição. A Amarelinha tinha melhor campanha, e La Albiceleste, buscando impor a maior pressão possível, marcou o jogo para o Estádio Gigante de Arroyito, cancha do Rosario Central onde jamais havia perdido. Venceria aquele jogo no futebol, na intimidação, na marra! Ciente da pressão dos fanáticos hermanos, que cantam do início ao fim dos jogos, o técnico brasileiro Cláudio Coutinho escalou o volante Chicão, experiente, viril, técnico,mas violento, se necessário. A violência ditou o ritmo do Clássico. A Argentina fez a primeira falta com 10 segundos de jogo. Em 3 minutos, já haviam ocorrido 6 faltas, e aos 12 minutos, 14 faltas. Apesar disso, o árbitro Karoly Palotai não distribuiu um único cartão amarelo até ali. Num campo impraticável, com um jogo cheio de entradas maldosas, xingamentos e provocações de ambos os lados, com Chicão chegando junto em todas divididas para marcar território e, para delírio dos brasileiros, peitando o temido Luque, o escrete canarinho conteve os donos da casa, apresentando até futebol um pouco melhor. Mas o 0 a 0 foi inútil às pretensões brasileiras com a vitória Argentina sobre o Peru na rodada final. O melhor futebol da Copa, mesmo que por meios tortos , levantou sua primeira taça.

1982 - Quando o samba ganhou do tango

- O Brasil não ganhou a Copa do Mundo FIFA de 1982, para tristeza de boa parte dos fãs do futebol, pois seu futebol exuberante e ofensivo, em um time com Zico, Sócrates e Falcão foi derrotado pela retranca e pragmatismo da Itália. Mas dias antes, a Canarinho mostrou o apogeu de seu futebol ao derrotar por 3x1 a eterna rival Argentina, que tinha um timaço com Maradona, Mário Kempes e Daniel Passarela. Por sinal, La Albiceleste vinha de um título mundial e ia para outro, mas naquele momento de transição,foi massacrada pelo esquadrão que dava show, capitaneado pelo técnico Telê Santana. Começa o clássico no estádio Sarrià, e, aos onze minutos, após rebote numa violenta cobrança de falta de Éder Aleixo, Zico abre 1 a 0. Aos 21 do segundo tempo, Falcão encobre o arqueiro argentino, e Serginho Chulapa faz 2 a 0 de cabeça. Aos trinta, após impecável troca de passes, Júnior toca manso para as redes argentinas, decretando 3 a 0. Um massacre humilhante, com direito a Júnior dando uma "sambadinha" para comemorar seu gol, enquanto um jovem Maradona dava uma voadora no estômago de Batista (que quase arrancara a cabeça de Passarela com a chuteira no lance anterior) e era expulso. O argentino Díaz ainda diminuiu no fim decretando o 3 a 1, mas já era tarde. Foi a maior glória brasileira em todos os confrontos com a eterna rival por Copas.

1990 – Maradona derrota o Brasil

- No, até o momento, último confronto por Copas do Mundo entre Brasil e Argentina , duas seleções problemáticas e capengas. O Brasil se classificou em primeiro no seu grupo porém, com futebol pífio e retranqueiro. A Argentina conseguiu a proeza de ser pior, pois perdeu para a Camarões de Roger Milla que, com 38 anos de idade, deixou Los Hermanos em segundo no seu grupo. Um confronto adiantado, ainda nas oitavas e tudo podia acontecer naquele 24 de junho no Estádio Delle Alpi. E aconteceu: O Brasil jogou melhor do início ao fim, criou chances com um bom futebol até então não mostrado, mas pecou em perder tantos gols: logo no começo, Careca perde o gol mais feito do jogo. Após , Dunga, cabeceia na trave. Já no segundo tempo, Careca cruza no travessão, e, no rebote, Alemão chuta mais uma na trave. Tanto domínio de jogo … e bastou um lance de gênio, digno de 'Diós' para superar tudo isso. Diego, fora de forma, com o joelho machucado, arrancou com a bola no meio de campo, passou por Alemão, passou por Ricardo Rocha, por Ricardo Gomes e Mauro Galvão, tocou para Caniggia que, cara a cara com Taffarel, driblou o arqueiro brasileiro, que viu a bola rolar mansamente pro fundo das redes brasileiras.
No desespero, cruzamento na área argentina aos 42 do segundo e Müller, perde cara a cara o gol do empate. A vingança argentina, a primeira vitória no super-clássico em Copas do Mundo. Não é a toa que "el pibe de oro" é venerado pelos nosso vizinhos, muito mais do que Pelé é pelos brasileiros. Depois do jogo com a Argentina, o lateral Branco saiu dizendo que havia pedido água ao massagista da equipe adversária e, depois de beber, sentiu-se zonzo. Estranhou que a água dada a ele não fosse do mesmo frasco entregue a Maradona. Ficou preocupado e comunicou ao bandeirinha.

Depois, na volta para a concentração, dormiu no ônibus e continuou sonolento no dia seguinte. A história, que parecia uma desculpa pelo fracasso da Seleção em campo, acabou sendo comprovada no início de 1993 pelo massagista argentino Miguel di Lorenzo. Ele confessou ao jornal El Clarín, que em sua maleta havia dois tipos de água: uma para os argentinos e outra para os brasileiros. Ambas lhe foram entregues pelo técnico Carlos Bilardo.

WIKIPEDIA