Alexandre Pato está prestes a acertar a transferência para o Corinthians. Robinho também deseja um lugar no futebol brasileiro em 2013. A dupla de atacantes do Milan engrossa o movimento de fuga de talentos brasileiros do Campeonato Italiano. Leia mais sobre futebol internacional Nos últimos sete meses deixaram o Calcio o goleiro Júlio César, os zagueiros Lúcio, Juan e Thiago Silva e o lateral direito Maicon, todos com história na seleção e, principalmente, altos salários. Mostra de que a crise econômica que tomou conta da Europa a partir de 2008 bateu mais forte no futebol do país tetracampeão mundial.
"O problema é que ninguém quer investir na Itália. Eles perderam a credibilidade depois de tantos escândalos de apostas, subornos e jogos entregues. O dinheiro todo vai para Inglaterra, Espanha, Alemanha ou PSG [clube francês]", afirmou o empresário Wagner Ribeiro, de Neymar e Lucas, entre outros. Ao longo dos últimos seis anos, duas grandes manchas tomaram conta do país. Em 2006, antes do tetra italiano na Copa, foi descoberto um esquema de arbitragem que favorecia a Juventus, punida com rebaixamento para a Série B. Na temporada passada veio à tona uma rede de manipulação de resultados para favorecer apostadores que atingia todas as divisões.
Os escândalos diminuíram a média de público dos estádios, cortaram o interesse da população pelo futebol e afastaram patrocinadores. Esses fatores, somados a problemas de gestão e à crise econômica, detonaram o poderio financeiro dos clubes. "Recebi no meio do ano uma proposta da Inter de Milão pelo Lucas. Era de € 25 milhões [R$ 67 milhões] e queriam pagar em várias vezes. Na mesma época, o Manchester United topava pagar € 36 milhões, o PSG, € 45 milhões", disse Ribeiro.
Com pouco dinheiro, os clubes precisam cortar veteranos de altos salários (como Júlio César e Maicon, liberados pela Inter de Milão) e negociar quem tem bom mercado: como Kaká, em 2009, e Thiago Silva e Ibrahimovic, neste ano (todos ex-Milan).
Ou seja, o país que até pouco tempo atrás era comprador agora virou vendedor. Caso o Corinthians gaste mesmo € 15 milhões para ter Pato, o Calcio terá arrecadado nesta temporada € 62,5 milhões com venda de atletas brasileiros para o exterior. No mesmo período, gastou € 36,2 mi para colocar novos brasileiros em sua liga. E essas peças de reposição nem de longe têm o perfil dos jogadores consagrados que saíram do país. São, na maioria dos casos, apostas para o futuro, como o zagueiro Marquinhos, 18, emprestado pelo Corinthians para a Roma. "A situação do Milan é a mesma de Inter e Juventus. As contas apertam, e eles vão trabalhando com o que têm", falou o empresário de Pato, Gilmar Veloz.
FONTE FOLHA DE SP ESPORTE