O dia 15 de junho de 2013 marcará muito mais que o início da Copa das Confederações em solo brasileiro. A data vai servir, também, para consolidar o país como anfitrião dos eventos esportivos mais importantes do planeta. O torneio visto como grande prova de fogo antes da Copa de 2014 é apenas o primeiro passo para que o Brasil mostre competência até a Olimpíada de 2016, no Rio. Estádios modernos já começaram a ser inaugurados – e, como caminham bem, serão o grande cartão postal –, mas o maior problema está no atraso nas obras de infraestrutura. As seis capitais que receberão a Copa das Con-federações têm em comum o cenário que lembra um grande canteiro de obras.
Belo Horizonte, Brasília, Fortaleza, Recife, Rio de Janeiro e Salvador correm contra o tempo. Mas somente os estádios devem estar prontos até junho. Dois deles, o Castelão, em Fortaleza, e o Mineirão, em BH, já foram inaugurados. Arena Pernambuco (Recife), Fonte Nova (Salvador), Maracanã (Rio) e o palco da estreia brasileira na competição contra o Japão, o Estádio Nacional (Brasília), serão entregues até abril de 2013 — limite estipulado pela Fifa e o Comitê Organizador Local (COL). Finalizar as arenas dentro do prazo foi o trunfo dessas cidades contra outras antes favoritas a receber jogos, como São Paulo, Curitiba e Porto Alegre – as três nas quais os estádios pertencem a clubes. Elas ficaram de fora por não garantir a inauguração a tempo. Desta forma, o recorte do mapa nacional para a Copa das Confederações pegou apenas do Rio para cima. Uma distorção em relação à escolha das 12 subsedes do Mundial, que procurou preencher todas as regiões do país.
“Cada estádio teve um cronograma previamente estabelecido, fosse público ou privado. No caso de Porto Alegre e Curitiba, por exemplo, não previa a conclusão para a Copa das Confederações”, justificou à Gazeta do Povo o ministro do Esporte, Aldo Rebelo, se referindo ao momento da escolha das subsedes, já em 2012, quando era claro o atraso nas duas cidades.
Anteriormente elas também pleiteavam a inclusão no evento. Se o andamento das obras nos palcos das 16 partidas do torneio é classificado como satisfatório pelo Tribunal de Contas da União (TCU), a lentidão nas melhorias dos aeroportos, por exemplo, preocupa. Segundo relatório divulgado pelo órgão em dezembro, em nenhuma das subsedes as adequações previstas na Matriz de Responsabilidades da Copa do Mundo serão concluídas até junho.
A justificativa para a falta de preocupação dos organizadores com o andamento das obras, nos aeroportos ou de mobilidade urbana, é de que a Copa das Confederações tem um caráter mais regional — reúne apenas oito seleções e dura 15 dias. De acordo com o Ministério do Turismo, são esperados pelo menos 600 mil estrangeiros no país durante a Copa de 2014. No torneio do ano que vem, a estimativa é de que o número não ultrapasse 100 mil.
“As obras de mobilidade urbana foram projetadas para a Copa do Mundo e não para a Copa das Confederações. As obras de acesso aos estádios estarão prontas e algumas já foram entregues no ano passado”, afirmou Rebelo, dizendo-se tranquilo. Para o especialista em planejamento urbano Luiz Henrique Fragomeni, o Brasil não deve sofrer com problemas crônicos de estrutura em 2013 justamente por causa do fluxo menor de turistas. O especialista destaca que, mais do que pensar em obras de mobilidade, o país precisa oferecer informações em múltiplos idiomas e resolver pequenas pendências. “Vamos ter problemas no entorno, com estacionamento, calçadas que não estão prontas e informação. Ela [informação] é crucial. A pessoa tem de chegar e saber se orientar”, analisa Fragomeni. “Nós temos gente o suficiente para falar inglês com os turistas”, garante o ministro.
FONTE GAZETA DO POVO DE CURITIBA