"Se voltar, será para o Coritiba", diz Alex


A renovação de contrato de Alex com o Fenerbahçe o afastou do Alto da Glória. Mas ele esteve bem perto. Nesta entrevista exclusiva, a primeira após o acordo fechado na semana passada para permanecer por mais dois anos na Turquia, o meia revelou que o Alviverde era a sua única opção no país – apesar da cobiça de vários clubes. A família, porém, ficou acima do extenuante calendário do futebol brasileiro. Uma escolha reprovada por parte da torcida verde e branca, voltada contra o ídolo. O sempre coxa-branca ganhou até o status de mercenário nas redes sociais. Isso e as especulações da imprensa restringiram as declarações do meia. Freio encerrado agora. O camisa 10 não só rebate as crí­­ticas, como reclama de Pal­­meiras e São Paulo, contesta o badalado repatriamento de estrelas e garante não desistir do Verdão.

Muita gente dava como certo o seu retorno ao Brasil. O que mais pesou para a sua renovação com o Fenerbahçe?


Hoje é mais importante a minha família do que o futebol. É muito difícil ficar longe da minha mulher e dos meus filhos. Tem a maneira como vivo, o respeito das pessoas e do clube por mim. Aqui [na Turquia] eu consigo jogar em um bom nível e juntar o futebol com a minha família. Isso pesou. Pensei bastante. Estava pensando desde setembro, quando caímos fora das competições europeias, se valeria a pena seguir, trocar de país ou voltar para o Brasil. Cheguei à conclusão de que era melhor ficar.

Quais eram as suas opções?

Minha situação era simples: Fenerbahçe ou Coritiba. Disse isso a todos os clubes que me procuraram: ‘Muito obrigada, não me interessa. Se voltar, será para o Co­­ritiba.’

Quais clubes?

Não vou falar. Acho chato. Vou falar do Palmeiras, porque joguei lá e tenho uma ligação grande. Conheço várias pessoas, o [gerente de futebol] Galeano é um deles. Falei logo de início que gosto do Palmeiras, mas não tinha intenção nenhuma de voltar para lá. Eu mantinha contato direto com o [coordenador do Coritiba Felipe] Ximenes, mas nunca foi falado de contrato ou de valores, como algumas pessoas comentaram. Falava porque gosto dele, sou torcedor e é o que qualquer torcedor faria se tivesse acesso para trocar uma ideia sobre o clube. E disse para ele: ‘Não se preocupe, porque se eu voltar, você será a primeira pessoa a saber.’ [E do contrário também. No dia 4 de fevereiro a renovação com o clube turco foi comunicada por e-mail ao dirigente coxa-branca]

E não daria para conciliar o trabalho e a família aqui?

No Brasil é impossível. Indepen­­dentemente de ser o Coritiba, ou o Palmeiras, ou qualquer um. Im­­possível pelo tamanho do país e pela rotina do jogador. Para sair de Curitiba, jogar na Bahia e voltar são três dias. Aqui dá para ir para a Inglaterra e estar de volta no dia seguinte. Eu penso da seguinte forma: jamais pediria regalia para jogar em um clube. Vou entrar na norma e me adequar. Aqui tenho muitas vantagens. Posso aproveitar muito mais com a [esposa] Daiane. Quando há jogos das seleções europeias, os clubes têm folga de três, quatro dias. Posso escolher uma cidade da Europa que me interessa e ir conhecer. Isso me cativa. Aí o campeonato corre solto. Excesso de concentração aqui são dois dias. O que é muito aqui é praxe no Brasil.

Existiu o interesse de outros países?

No meio dessa situação houve o contato com uma equipe dos Estados Unidos, mais por curiosidade, para saber um pouco como é o calendário da liga americana, como é o calendário escolar, como é viver nos Estados Unidos. Deve ser interessante. Mas nunca houve troca de valores.

E como foi a situação com o São Paulo?

Muito se falou e nunca me ligaram. Não sei nem quem dirige o clube. Sei que o treinador é o [Paulo César] Carpegiani e foi ele quem me deu a minha primeira chance. Fizeram essa ligação e falaram que eu poderia ir para lá.

Você chegou a conversar com o Carpegiani?

A última vez que falei com ele foi em um encontro por acaso no aeroporto e ele ainda estava no Atlético.

Mas houve até declaração de dirigentes dizendo que não entrariam e um leilão por você, não houve?

Acho que o São Paulo e o Palmeiras agiram errado comigo. Nunca tratei nada com eles. Uma vez dei uma entrevista à rádio Jovem Pan, de São Paulo, e me perguntaram se eu jogaria em um clube rival de outro que já defendi. Respondi que ouviria propostas. Só isso.

E você ouviria uma proposta do Atlético?

‘Tá louco!’ Não passaria nem perto. Tenho o maior respeito. Acho até que Atlético e Coritiba poderiam ser mais próximos para fortalecer o futebol paranaense. Mas essa rivalidade tem que existir. Sou torcedor.

Como o Coxa é hoje sua única opção no Brasil, dá para cravar seu retorno para 2013?

Não dá para marcar. Essa é uma outra questão. Eles [os dirigentes do Fenerbahçe] me imaginam dirigente, trabalhando dentro do clube. Eu, sinceramente, não imagino. Nesse momento, não. Agora vou começar pensar, houve o convite oficial.

Qual foi a oferta do Fener?

Me ofereceram um curso de treinador, de gerenciamento esportivo. Es­­­­sa foi uma coisa que veio a meu favor. Tenho tempo aqui e posso me aprimorar. Vi uma en­­trevista do Tcheco esse dias, di­­zendo que pla­­neja ir para a Aus­­trália nas fé­­rias para estudar in­­glês e se preparar para quando parar de jogar. Até es­­sa parte da lín­­gua é mais fácil pa­­ra mim aqui, posso fazer isso jo­­gando.