Cuca nega mágoa com Flu e diz: "tenho certeza que volto um dia"


Foi na garra e, principalmente, com muita coragem que ele entrou para a história do Fluminense no fim do ano passado. Respaldado pela diretoria, Cuca afastou alguns veteranos acusados de corpo mole para fechar o grupo e criar o time de guerreiros que desafiou a matemática. Mesmo com 98% de chances de ser rebaixado, o treinador acreditou no impossível e, ao lado da torcida, jogou com o time até o fim.

Dez meses após este episódio, quis o destino transformá-lo no maior adversário do Flu na busca pelo título no Brasileiro. Mas o carinho e a admiração continuam. Nesta entrevista, Cuca abre o coração e fala sobre o confronto e, principalmente, seu período nas Laranjeiras.

O DIA: Como você vê o Fluminense neste Brasileiro?

CUCA: Não tenho como fazer essa análise, pois não cabe a mim comentar o campeonato deles. Mas os números e os resultados mostram o quanto o time é qualificado. Eles não têm o melhor aproveitamento à toa.

A dez rodadas do fim, passa o filme daquela arrancada na sua cabeça?



Coincidentemente, lembrei daquela arrancada milagrosa no Serra Dourada. No ano passado, foi justamente contra o Goiás que nos fechamos em busca de um objetivo e as coisas foram acontecendo para o Flu. Lutamos contra tudo e todos e vencemos até os matemáticos. Foi uma conquista. Cheguei a comentar isso com os jogadores do Cruzeiro.

O que você sentiu quando enfrentou o Fluminense no primeiro turno?


O carinho e o reconhecimento da torcida do Flu naquela partida foi algo espetacular e não dá para explicar o que senti. Isso mostra que toda aquela nossa luta no fim do ano passado valeu a pena. E isso me deixa emocionado até hoje.

E agora, a sensação será diferente?
Jogar contra o Fluminense vai ser prazeroso novamente. Afinal, vou estar no mesmo campo dos meus amigos. A relação que construí com os jogadores de lá e os funcionários do clube foi uma das coisas mais bonitas que tenho.

Essa partida é a grande chance que o Cruzeiro tem para buscar o título?

O Cruzeiro tem essa decisão contra o Fluminense. Depois, pegamos o Grêmio fora de casa e o clássico contra o Atlético-MG em seguida. Serão dez finais até a última rodada.

Qual é o favorito?

Não existe favorito. Muito menos nesta partida. O jogo será estudado, os times não devem se arriscar no começo e o duelo será equilibrado.

Quais são as semelhanças entre os argentinos Conca e Montillo?

Vejo muita semelhança. Mas sou suspeito de falar do Conca. Além de ser um sujeito simples, gente boa, é um jogador fora de série. Montillo chegou recentemente, mas está indo no mesmo caminho. Fizemos um esforço danado para contratá-lo e em pouco tempo ele mostrou que acertamos.

Mariano sempre cita o seu nome como um dos responsáveis pelo seu atual momento...
Fico muito feliz. Como disse, gratidão no mundo do futebol é raro. No caso dele, a gente estava treinando no CFZ quando o vi pela primeira vez. Era um jogador abatido que foi ganhando espaço. É outro que está no meu coração.

Você é o técnico que melhor conhece o Fred. Como vê mais este problema muscular do atacante?
As coisas na vida do Fred sempre são mais difíceis. É um grande sujeito e um excelente líder. Sempre é decisivo e o considero um dos melhores do País. Confesso que já estava preocupado quando surgiu a possibilidade de ele atuar contra a gente.

Você ficou chateado com a maneira como foi demitido do Fluminense?
Muricy Ramalho sempre foi um sonho do Fluminense. Não fico magoado. Tenho certeza que volto um dia.