Zimbábue iguala amistoso com o Brasil a título da Copa do Mundo

O Zimbábue passou longe da classificação para a Copa do Mundo. Mas ter assegurado um amistoso contra a seleção brasileira, na quarta-feira, equivale à conquista do cobiçado troféu. Pelo menos na manchete deste domingo do "The Sunday Mail", jornal estatal que é o porta-voz do ditador Robert Mugabe.
ESTÁDIO RECEBE RETOQUES
O palco do amistoso entre Brasil e Zimbábue na quarta-feira está recebendo os últimos retoques. Na tarde deste domingo, dois funcionários regavam o gramado do Estádio Nacional, recém-inaugurado após uma reforma total. A arena tem capacidade para 60 mil torcedores. Desde que foi reaberto em março apenas três partidas foram disputadas ali.O acesso, as escadarias e as arquibancadas são novos em folha. O gramado e a pista de atletismo aparentam estar em condições perfeitas. Faltam ainda algumas obras, no entanto. Os vestiários estão sendo ampliados, assim como as áreas VIP.O estádio ficou fechado por dois anos para as obras, que foram totalmente bancadas pela China, aliada do presidente do Zimbábue, o ditador Robert Mugabe. O custo ficou em US$ 10 milhões.


"Como o Zimbábue venceu a Copa do Mundo" é o título da primeira página, em letras grandes, acompanhado de uma foto de Kaká. "A visita dos cinco vezes campeões mundiais é um endosso do Zimbábue como um destino turístico de classe internacional", diz o jornal.
"Endosso" é justamente o que busca Mugabe, no poder há 30 anos e hoje um pária em várias capitais da Europa e da América do Norte. ara isso, o ditador não mediu esforços. Exigindo casa cheia no novo Estádio Nacional de Harare, determinou meio expediente para o funcionalismo público na quarta-feira, dia do jogo.

"O país inteiro vai parar para ver Kaká", disse Tendai Chiwanza, diretor do estádio, reformado com patrocínio chinês. A obra demorou dois anos e meio para ficar pronta e custou US$ 10 milhões.



São esperadas 60 mil pessoas no jogo. Cerca de 80% dos ingressos serão vendidos a US$ 10 cada. O resto, em áreas VIP, sai por US$ 40. Embora pareça bem acessível, o bilhete funcionará como um filtro de público. "É um valor que muitos não podem pagar. Isso vai ajudar a evitar uma aglomeração perigosa no entorno do estádio", diz James Togo, responsável pela estrutura da arena.






O esquema de segurança envolverá tanto policiais como companhias privadas. Mugabe, que no passado perseguiu a oposição, fechou jornais e foi acusado de fraudar eleições, pretende extrair o máximo de oxigênio político do amistoso. Seus aliados têm martelado que o amistoso é obra do presidente e não do partido rival, com o qual ele governa em coalizão.
"Muita gente acha que foi obra do Ministério do Esporte [controlado pela oposição]. Na verdade, foi o ministro do Turismo [ligado a Mugabe] que trouxe o Brasil", diz Mike Chando, assessor no gabinete do presidente. "Devemos isso ao Lula. Ele tem apoiado muito o Mugabe", completa.