Capitão da Alemanha campeã em 1990 pede desculpas ao Atlético-PR e diz que abandonar o clube em 2006 foi 'um dos maiores erros' de sua carreira
O programa "Esporte Espetacular" deste domingo dá sequência à série Os Favoritos da Copa do Mundo, enfocando a Alemanha. Entre os entrevistados da reportagem, está Lothar Mattäus, que esteve em cinco mundiais.
Confira a seguir os melhores trechos da conversa com o ídolo alemão.
Qual é a receita para jogar durante tanto tempo na seleção (entre 1980 e 2000)?
O mais importante é amar o trabalho e se divertir com ele. Eu sempre me diverti jogando futebol e foi um grande amor. É como quando você ama uma mulher e não quer mais largar. E eu sempre tive essa paixão pelo futebol, nunca queria deixá-lo. Fui ambicioso, porque gostava muito. Eu acho que esses são os pontos fundamentais não só pra se jogar com determinação, mas também para ficar bastante tempo com o grupo. Por isso, eu continuo, não mais como jogador, mas como treinador, bem perto do futebol.
Qual foi o momento mais importante em todo esse tempo na seleção?
Eu joguei 150 vezes pela seleção alemã, cinco Copas do Mundo... Eu me lembro de muitos jogos, mas a melhor experiência foi, com toda a certeza, a Copa de 1990, quando a seleção alemã conquistou o tricampeonato. Ver no final o trabalho feito... e esse trabalho tem um significado tão singular. Poucos jogadores podem dizer que são campeões do mundo e eu posso me orgulhar mais ainda porque eu fui o capitão e ergui a taça. Quadro anos depois, o Dunga levantou. Quatro anos antes, foi o Maradona. E eu acho que é uma combinação singular, ser capitão de uma seleção que tem a taça nas mãos. São momentos especiais, impossíveis de descrever.
E qual foi a principal qualidade da seleção alemã campeã de 1990?
Eu acredito que foi não apenas a qualidade da equipe, mas, sobretudo, o comando do técnico Franz Beckenbauer, que tinha o respeito de todos os jogadores e também dos jornalistas. Então, tinha muita tranquilidade na seleção. Não havia conflitos ou problemas. E como nós trabalhávamos com essa tranquilidade, tínhamos muito foco, muita concentração no que era o principal. E isso se refletiu na preparação e na Copa do Mundo. E eu acredito que foi decisivo o fato de nós termos Franz Beckenbauer, que era e é uma grande personalidade, mas também tinha uma grande qualidade de comunicação com os jogadores. Isso tudo se encaixou. Não foi só uma conquista, mas também um Mundial no qual tivemos momentos muito bons.
Por que hoje a seleção alemã não é considerada a favorita ao título?
A seleção alemã sempre faz parte dos favoritos, mas agora são outros os grandes favoritos. Sabemos que a Alemanha sempre pode chegar longe, mesmo se não tem os melhores jogadores. Nós não temos os talentos individuais que o Brasil tem, que a Espanha tem, que a Holanda tem, que a Inglaterra tem ou também a Argentina. Mas a seleção alemã tem sempre o grupo forte, e isso conta. É por isso que muitas seleções não sentem tão à vontade em jogar contra a Alemanha. Não temos mais jogadores "top", como antes, como Franz Beckenbauer, Uli Höness, Paul Breitner, Rudi Völler, Andreas Brehme, Matthias Sammer. Estes foram jogadores excepcionais. Agora, não temos jogadores excepcionais, mas nós temos um grupo que, como antes, quando está em campo, luta unido.