Há 33 anos Brasil não vence Uruguai fora de casa


Há 33 anos, o Brasil não vence o Uruguai no estádio Centenário, em Montevidéu. Palco da partida deste sábado, às 16h (horário de Brasília), entre as duas seleções pela 13ª rodada das eliminatórias da Copa do Mundo de 2010. Faz tanto tempo que nenhum dos 23 jogadores convocados pelo técnico Dunga para o duelo era nascido. Uma geração inteira que nunca viu a seleção vencer o rival sul-americano no local histórico da final da primeira Copa do Mundo.

Dona Isabel, mãe de Gilberto Silva, ainda desconfiava que estava grávida quando o Brasil venceu o Uruguai pela última vez em Montevidéu: 2 a 1, gols de Nelinho e Zico, no dia 25/02/1976. A partida, válida pela Taça Atlântico, marcou a estreia do Galinho na seleção brasileira. E ele fez, de falta, o gol da heroica vitória brasileira, que terminou a partida com dois jogadores a menos em campo: Nelinho e Rivelino foram expulsos.

Oito meses depois, Gilberto Silva nascia em Lagoa da Prata, cidade do interior de Minas Gerais, na maternidade Santa Eugênia com 59 centímetros de altura e pesando 3,250 quilos. O volante, um dos líderes do atual grupo comandado por Dunga, é o jogador mais velho da atual seleção brasileira.


Outros jogadores, como Alexandre Pato, ainda estavam bem longe de nascer. Os pais do atacante, Roseli e Geraldo Rodrigues, ainda nem eram casados. E o ídolo colorado só veio ao mundo em 1989. Enquanto isso, o tabu crescia. Em 1981, pouco antes do nascimento de Elano, o Brasil perdeu para o Uruguai por 2 a 1 na final do Mundialito, com 75 mil pessoas lotando o estádio Centenário. Dois anos depois, em 1983, Felipe Melo estava nos primeiros meses de vida em Volta Redonda, cidade do interior do Rio de Janeiro. E a seleção novamente saía derrotada, agora por 2 a 0, na final da Copa América.

Nove anos se passou até um novo encontro, em 1992. O zagueiro Lucio, que já tem duas Copas do Mundo no currículo, ainda jogava peladas nas ruas de Brasília e sonhava ser um atleta profissional quando o Brasil perdeu o amistoso por 1 a 0. No ano seguinte, em 1993, Juan começava nas divisões de base do Flamengo. E Brasil e Uruguai empatavam por 1 a 1, pelas eliminatórias.

Em 1995, Robinho tinha 11 anos e corria atrás da bola nas ruas do Parque Bitaru, bairro pobre de São Vicente, na Baixada Santista. E viu pela televisão uma nova derrota do Brasil para o Uruguai no estádio Centenário. Após empate por 3 a 3, a seleção foi eliminada da Copa América ao ser derrotada por 5 a 3 nos pênaltis. O atual técnico Dunga e o auxiliar Jorginho faziam parte daquele time.

- É difícil ganhar do Uruguai em Montevidéu assim como é difícil também vencer a Argentina lá (em Buenos Aires), do Brasil em casa, da Itália, da Alemanha. São seleções que crescem muito jogando no seu país, tem toda uma atmosfera favorável. O Uruguai ainda tem a particularidade da raça - disse o técnico Dunga.

Em 2001, o goleiro Júlio César virava titular do Flamengo. E Kaká disputava o Mundial sub-20, na Argentina. Enquanto isso, o Brasil perdia novamente: 1 a 0 nas eliminatórias. O jogo foi marcante. Foi a última partida oficial de Romário com a camisa da seleção. Supostamente envolvido em uma farra no hotel da seleção com uma aeromoça na véspera da partida, boato que nunca confirmado, o atacante após a derrota deixou de ser o homem de confiança de Felipão para nunca mais ser convocado.

- Acho que os jogos contra o Uruguai são mais difíceis até mesmo dos contra a Argentina. Eles têm uma marcação muito forte – disse o goleiro Júlio César.

A última partida da seleção brasileira no estádio Centenário foi em 2005. Alexandre Pato e Ramires nem eram profissionais ainda. Empate por 1 a 1 pelas eliminatórias. Dos jogadores da atual seleção, quatro estavam em campo naquela partida: Lúcio, Luisão, Kaká e Robinho.

- Foi uma pressão muito grande. Levamos o gol e saímos para o jogo e conseguimos empatar. Se conseguirmos segurar bem a pressão, temos ataque bom para fazer gol – lembrou Lúcio.

O tabu virou até motivo de brincadeira no hotel da seleção brasileira nesta sexta-feira. Um repórter brincou com Luis Fabiano ao perguntar o que seria mais fácil: o Uruguai voltar a ganhar uma Copa do Mundo, o que não acontece desde 1950, ou o Brasil vencer o Uruguai em Montevidéu. O atacante começou a rir e saiu-se bem na resposta.

- O pior é a gente não vencer amanhã (sábado). Aí vai ficar complicado.

O Brasil está em segundo lugar nas eliminatórias com 21 pontos e tem a melhor defesa da competição com apenas cinco gols sofridos. Já o Uruguai está em quinto, com 17 pontos, e tem o melhor ataque com 21 gols marcados.

Para o técnico uruguaio Oscar Tabárez, a partida tem um saber de revanche. No primeiro turno das eliminatórias, o Brasil venceu por 2 a 1, no Morumbi.

- Sim. É uma revanche porque tanto lá (no Morumbi) como na partida pela Copa América (em 2007, quando o Brasil venceu nos pênaltis) jogamos de igual para igual e, em alguns momentos, os superamos – disse Tabárez à imprensa uruguaia.

URUGUAI X BRASIL

Sebastián Viera; Pereira, Valdez, Diego Godín e Cáceres; Jorge Martínez, Diego Pérez, Sebastián Eguren e Alvaro Pereira; Suárez e Diego Forlán. Técnico: Oscar Tabárez.

Júlio César; Daniel Alves, Lúcio, Juan e Kleber; Gilberto Silva, Felipe Melo, Elano e Kaká; Robinho e Luís Fabiano. Técnico: Dunga.

Estádio: Centenário, em Montevidéu, no Uruguai.
Data: 06/06/2009. Horário: 16h (de Brasília).
Árbitro: Saúl Laverni (ARG).
Auxiliares: Gustavo Esquivel (ARG) e Ariel Bustos (ARG).

FOTO - Da esquerda para a direita: Robinho nasceu em 1984; Pato em 1989; Kaká veio ao mundo em 1982; E Elano em 1981. Desde criança, eles nunca viram o Brasil vencer o Uruguai em Montevidéu.